Apesar da safra recorde, uma ameaça constante: o custo operacional para a agricultura brasileira é o maior do mundo. Os produtores de trigo gastam 90% a mais do que os da América do Norte. Os de soja, investem o dobro do que os agricultores argentinos. Culpa dos produtos e máquinas usados na lavoura, que no Brasil são bem mais caros que nos outros países.
– Acontece que está aumentando o nosso custo de produção mais do está aumentando o preço internacional dos produtos. No Brasil, não estamos percebendo um processo de perda da eficiência total porque produzir aqui ainda vale a pena. Isso porque o preço internacional está alto puxado pelos emergentes. Porém no momento em que os emergentes estabilizarem o seu crescimento em um patamar mais baixo de crescimento econômico e os preços internacionais dos principais produtos se estabilizarem, só vai sobrar pra produção aqueles países que são eficientes na produção. E o Brasil, não é eficiente – aponta o economista da Farsul, Antônio Luz.
Entre os principais produtos atingidos, estão aqueles que fazem parte do principal prato dos brasileiros: o arroz e o feijão. No Rio Grande do Sul, o feijão deve ter uma queda de 14% na produção em 2012. A área atual, de 90 mil hectares, é menos da metade da que existia 20 anos atrás.
– O feijão tem dois problemas, além de ser muito caro o custo, o ICMS sobre ele é muito alto. No Rio Grande do Sul, por exemplo, imagine uma indústria que está no centro do país, para que ela compre este feijão do Rio Grande do Sul, ela vai pagar uma saída interestadual de 7% e ainda vai pagar uma logística maior porque o Rio Grande do Sul está mais ao Sul do país. O feijão de Santa Catarina paga 1%, o feijão do Paraná paga 1%. Quem é que no sudeste vai comprar o feijão gaúcho pagando a maior logística e o maior ICMS? – questiona o economista.
Apesar das previsões, a Farsul comemorou a projeção de safra de 2012, que deve ser a segunda maior da história. As lavouras de arroz, milho, trigo e soja devem ter uma produção menor por causa dos efeitos do fenômeno La Niña na região.
– Nós temos um calendário agrícola, temos o conhecimento da tecnologia. Então, nós estaremos sem conhecer a profundidade da piscina, mas vamos nos atirar na água, vamos tocar, vamos fazer o que tem que fazer e vamos aguardar o que vem. Não podemos sofrer por antecipação – aponta o presidente da Farsul, Carlos Sperotto.