A exportação brasileira de café em fevereiro alcançou 2,785 milhões de sacas de 60 quilos, o que corresponde a um crescimento de 1,5% em comparação com o mesmo mês de 2015 (2,744 milhões de sacas). Em termos de receita cambial, houve queda de 23,1%, de US$ 535,201 milhões para US$ 411,430 milhões. Os números são do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), divulgados nesta quinta, dia 10.
No acumulado do primeiro bimestre, foram embarcadas 5,548 milhões de sacas, resultado 4,4% inferior ao mesmo período de 2015 (5,802 milhões de sacas). A receita cambial no período registrou queda de 28,2% (de US$ 1,144 bilhão para US$ 820,83 milhões). O preço médio caiu 24,9%, de US$ 197,13 a saca para US$ 147,95 a saca.
Segundo o CeCafé, o resultado acumulado dos últimos 12 meses indica manutenção da média de 36,7 milhões de sacas exportadas, com grande destaque para as exportações de arábica (mais de 29 milhões de sacas) e solúvel (mais de 3 milhões de sacas).
“É importante lembrar que esses resultados foram obtidos ainda no período de entressafra, que vai durar por mais três ou quatro meses, quando teremos as primeiras colheitas da próxima safra (primeiro de conilon e, na sequência, de arábica)”, disse o presidente do CeCafé, Nelson Carvalhaes,.
Os embarques de café do Brasil para o ano-safra 2015/2016 (iniciado em julho/15 até fevereiro/16, por enquanto) apresentaram um ligeiro incremento de 0,5%, o melhor resultado para o período na mesma base comparativa dos últimos 5 anos, destacando-se o desempenho superior de 4,2% do arábica e de 4,9% dos cafés industrializados.
Especiais
Os cafés diferenciados já representam cerca de 19,9% do volume total de cafés exportados, sendo 84% deles com destino aos dez maiores importadores do mundo. Há uma tendência de aumento do consumo dos cafés especiais, ou seja, aqueles com algum tipo de certificação, como origem, gourmets, orgânicos ou até mesmo com diferenciais em termos de sustentabilidade e condições socioambientais.
Principais mercados
Com relação aos mercados, os principais consumidores mundiais mostraram um crescimento no volume. Foram mais embarques para a América do Norte (+3%), Ásia (+7%, sendo Japão, Turquia e Coreia do Sul responsáveis por 68% desse total), América do Sul (+6%), Oceania (+48%, sendo a Austrália responsável por 87,8% destes embarques) e América Central (+258%, sendo Cuba o maior importador, com 46,3%).
Quanto aos blocos econômicos, no aumento de 20% dos embarques para o Oriente Médio, destaca-se o incremento de 34,4% nas importações para a Turquia. Já no leste europeu, que apresentou incremento de 10% com comparação ao mesmo período no ano anterior, o grande destaque é a Rússia, que representou 64,4% dos embarques no grupo.
O CeCafé destaca, ainda, o aumento de 15% das exportações para os mercados consumidores emergentes, como Turquia, Rússia e Coreia do Sul, representando 47,7% de participação no grupo. Nos países produtores, onde se observa o aumento de 109%, o México obteve um incremento de 61,3% nos volumes importados em comparação ao ano anterior. Ainda no grupo dos produtores, México, Venezuela e Indonésia representam juntos 65% dos embarques do Brasil para esse agrupamento.
Mercado interno
A redução das compras de café robusta por parte de torrefadoras nacionais e de exportadores tem pressionado com força as cotações da variedade no mercado interno. Nessa quarta, dia 9, o Indicador Cepea/Esalq do robusta tipo 6 peneira 13 acima fechou a R$ 354,57/sc de 60 kg, o menor valor desde 1º de outubro de 2015 e 48,31 reais/saca abaixo do pico atingido há um mês – de R$ 402,88/sc em 12 de fevereiro.
Na parcial deste mês, a queda do Indicador chega a 5,1%. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), apesar de a expectativa ser de nova queda na produção de robusta do Espírito Santo, os negócios no mercado spot e também o fechamento de contratos para entregas futuras estão bastante lentos. Entre os produtores, muitos estão recuados, esperando que os preços retomem os elevados patamares observados entre o final de 2015 e início de 2016.
Os compradores, no entanto, estão atentos ao menor diferencial entre os preços das variedades robusta e arábica, o que leva torrefadoras nacionais a aumentarem a parcela de arábica na elaboração dos “blends”.
Além disso, agentes também indicam que a maior oferta de arábica a partir de meados do ano pode influenciar novas quedas do robusta.