O café foi o único produto do agronegócio brasileiro que apresentou crescimento em volume e receita nas exportações no primeiro semestre de 2015. Os números do ano-safra 2014/2015 foram recorde, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Mas, este ano, o volume embarcado deve diminuir.
Foram quase 37 milhões de sacas exportadas em 2014/2015. A Europa é o principal mercado importador, responsável pela compra de 54% do total embarcado.
– Isso se deve, primeiramente, ao aumento do consumo mundial. O mundo cresce hoje a taxas de 2% ao ano, então é um mercado em expansão e o Brasil tem, tradicionalmente, uma posição de liderança. Nós temos, há alguns anos, participações em torno de 32% e 34%. A gente tem aí alguns exemplos importantes no mundo, eu diria a Rússia, era um país que consumia café, mas depois da flexibilização política, econômica, vem crescendo muito, hoje é o maior crescimento de mercado, já consome mais de seis milhões de sacas e o Brasil já é o fornecedor principal – diz o diretor geral do Cecafé, Guilherme Braga.
Além da Rússia, países asiáticos como a Coréia do Sul e a China colaboraram para o aumento das exportações do café brasileiro. Fora o maior consumo, o analista Eduardo Carvalhaes acredita que a alta das vendas externas foi causada também pelo temor de que faltasse o produto. Isso levou muitos importadores a ampliar seus estoques.
– Nós tivemos uma grande seca no primeiro semestre de 2014, que levou o mundo todo a se precaver. O Brasil é o maior exportador de café do mundo, e eles trataram de correr e aumentar seus estoques, comprar mais café, com medo que faltasse. Segundo que o consumo mundial vem crescendo. Vem crescendo aí entre 1,5%, 2% ao ano, segundo a Organização Internacional do Café. Isso significa dois milhões de sacas a mais por ano. Isso tudo fez com que as exportações crescessem, os preços estavam bons e a receita cambial cresceu – indica Carvalhaes.
Com isso, há dois meses, a calmaria era raridade nos terminais exportadores. Entre maio e junho deste ano, fim do ano-safra do café, um armazém em Santos, litoral de São Paulo, preparou para embarque cerca de 900 contêineres do produto por mês. Além da movimentação acelerada nos terminais exportadores, outro fator que chamou a atenção foi a variedade dos grãos vendidos para fora.
– Eu não exportava tanto café grinders e, hoje em dia, a gente faz muito, né? Era só café arábica, ou até café mais fino. Hoje em dia, tem se exportado tudo – conta o gerente de terminal Alex Rocha.
Para o segundo semestre do ano, o cenário ainda é indefinido. Tanto as exportações, quanto os preços da commodity dependem da nova safra.
– Ainda é cedo pra gente, estamos ainda no meio da colheita, a colheita 2015/2016 está atrasada, com as chuvas que nós tivemos no final de maio e junho e as exportações estão em ritmo de espera no momento. O produtor de café que pode segurar a venda não está contente com o preço atual, ele está com sua atenção maior voltada para os trabalhos de colheita. Só nos próximos dois, três meses é que nós vamos ter uma ideia do tamanho dessa safra e da disposição de venda do cafeicultor brasileiro – avalia o analista de mercado.