Colombo determinou a todas as secretarias e autarquias que façam economia e não comecem novos projetos, apenas concluam aqueles que se encontram em andamento e cujas obras não podem parar. A decisão, segundo ele, foi necessária após ter conhecido melhor, nesses primeiros 100 dias, a máquina pública catarinense.
? São exceções, pela excessiva importância, apenas as áreas da saúde e da segurança pública ? afirmou.
Segundo o governador, foram muitas reuniões para avaliar projetos, ações e contratos.
? Realizamos um amplo diagnóstico, um verdadeiro raio X de tudo que é gasto, como é gasto.
Nesses encontros decidimos grande parte das nossas prioridades para os próximos quatro anos ? enfatizou, acrescentando que estão sendo suspensos todos os gastos possíveis.
Raimundo Colombo disse que os recursos obtidos até agora, serão investidos prioritariamente em infraestrutura.
Agência Brasil ? Que obras já estão previstas na área de infraestrutura?
Raimundo Colombo – Vamos priorizar as obras de pavimentação e recuperação de rodovias. De acordo com levantamentos feitos pela Polícia Rodoviária Estadual e pelo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), cerca de 1,8 mil quilômetros das nossas rodovias precisam de recuperação. Nos últimos dois governos a prioridade foi pavimentar acessos a municípios. Em 2003, eram 58 municípios sem nenhum acesso pavimentado, hoje são apenas sete e todos em obras.
Em maio, será lançado o Programa de Recuperação e Revitalização de Rodovias e o Programa Rodovia Segura, que vai atacar pontos críticos, onde mais ocorrem acidentes na malha viária estadual. Serão implantados ainda 12 programas de obras e ações nos próximos quatro anos. O objetivo é dividir as ações em andamento e as ações futuras e planejar as obras de infraestrutura em médio e longo prazo. A ideia é que esses programas coordenem todas as ações na área. Assim poderemos planejar em um maior prazo e não apenas atender as demandas que surgem no dia a dia. Até o fim deste mês todos os programas estarão definidos e o planejamento pronto.
É também meta de nossa administração realizar programas de melhoria do sistema aeroportuário e aquaviário, além da valorização do transporte ferroviário. Queremos melhorar a mobilidade urbana no estado, principalmente nas grandes cidades. Estaremos também sempre atentos e acompanhando as obras federais, principalmente nas rodovias BR-101 e BR-470.
ABr – Há muito o que fazer para combater a desigualdade social no estado?
Colombo ? Neste início de governo conseguimos identificar que a maior dificuldade para programar a política de segurança alimentar e nutricional é a falta de um sistema catarinense, cuja implantação foi colocado como meta para este ano na Secretaria Executiva de Políticas Sociais de Combate à Fome. Já produzimos uma minuta do Projeto da Lei Orgânica de Segurança Alimentar de Santa Catarina, reivindicação da sociedade civil que desde 2007 luta para a aprovação desse projeto. Com a implantação do sistema, podemos desenvolver programas como a horta e a cozinha comunitária que, com a participação das secretarias da Agricultura e de Educação, podem ser instalados nas escolas estaduais, dando alimentação saudável aos alunos.
ABr ? A presidenta Dilma Rousseff anunciou que pretende fazer a reforma tributária aos poucos. Que ponto da reforma o senhor acha mais crucial?
Colombo – Mais cedo do que se imagina o Brasil terá de substituir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelo Imposto sobre Valor Agregado (IVA). O cipoal legislativo, regulatório, as diferentes políticas de benefícios especiais concedidas pelos estados, hoje sem nenhum controle ou coordenação, precisam acabar.
ABr ? O senhor teme que o corte no Orçamento federal atinja projetos no Estado?
Colombo ? Penso como a presidenta Dilma Rousseff. Neste primeiro momento, temos que conhecer a estrutura da máquina pública, para depois planejar quais e quando serão colocadas em prática as principais ações. Um governo que não tem informação nem consciência sobre o ponto de vista interno, tem grandes chances de perder o controle. O que posso é avaliar o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento do governo federal, que nos preocupa, e estaremos atentos, junto com os 16 deputados federais e os três senadores, para que não haja um contingenciamento de verbas para Santa Catarina. Não queremos que essa medida abale o desenvolvimento do estado.
ABr ? O senhor pretende administrar o Estado em parceria com o governo federal?
Colombo – Vamos buscar uma relação de respeito, harmonia e de cooperação com a presidenta Dilma Rousseff. Acima das cores partidárias. O importante agora são os interesses do estado. Seremos atentos às oportunidades de cooperação com o governo federal para que possamos manter em patamares bem altos o nosso desenvolvimento. Vamos buscar, acima de tudo, um relacionamento baseado na sinceridade e transparência. Nos últimos quatro anos, como senador da República, não tive problema nenhum em votar em projetos do governo Lula que eu considerasse a favor da sociedade. Não temos que abalizar a relação se é de oposição ou situação, mas sim se é de interesse do povo catarinense. Todas as vezes que fomos a Brasília este ano fomos correspondidos com os nossos pedidos. Nunca vi briga política construir prédio, creche, escola ou hospital e, por isso, acredito que a conversa é a melhor maneira de fazer política.
Leia também:
? Governador Tarso Genro diz que Rio Grande do Sul está em situação de desarranjo estrutural