IBGE: preços incentivam produtores de cacau e café

Baixos estoques internacionais e redução das áreas plantadas são algumas das razões apontadas pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de março

Fonte: Pixabay/Divulgação

Os preços atraentes no mercado internacional estão incentivando os produtores brasileiros de cacau e café a investir nas lavouras. O cacau foi prejudicado pelo excesso de chuvas na Bahia no início do ano, mas o café terá produção maior neste ano, segundo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de março, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A atual estimativa para a produção total de café do país é de 3 milhões de toneladas, ou 50,2 milhões de sacas de 60 kg, um aumento de 0,9% em relação à estimativa de fevereiro. A previsão para o café arábica cresceu 0,7% ante a de fevereiro, com expectativa de colheita de 2,4 milhões de toneladas, ou 39,2 milhões de sacas de 60 kg.

A Bahia teve sua estimativa de produção elevada em 15,5% em março ante fevereiro, devendo alcançar 134.786 toneladas, ou 2,2 milhões de sacas de 60 kg. O rendimento médio aumentou 15,1% frente à previsão do mês anterior, em função do clima mais chuvoso e maiores investimentos nas lavouras.

“O café está se recuperando para posições que não alcança desde 2012. Em 2013, o preço do café era muito ruim e ainda teve problemas climáticos. Um monte de produtores desistiu, houve grande redução da área de café. Em 2014, foi severa a estiagem na lavoura de estados como São Paulo. Em 2015, melhorou um pouco as chuvas. E agora, em 2016, a produção está chegando ao nível de 2012. As baixas de estoques internacionais estão elevando os preços e isso incentiva os produtores a investir mais na lavoura”, diz Mauro Andreazzi, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE.

Já a estimativa da produção do café canephora (robusta) aumentou 1,8% em março em relação à previsão do mês anterior, devendo alcançar 660.051 toneladas, ou 11 milhões de sacas de 60 kg. O rendimento médio cresceu 1,2%, enquanto a área a ser colhida se expandiu 0,6%. A Bahia, segundo maior produtor do robusta no país, com participação de 13,5% no total nacional, aumentou em 16,9% sua estimativa de produção, devendo alcançar 89.217 toneladas, ou 1,5 milhão de sacas de 60 kg.

Se por um lado as chuvas beneficiaram as lavouras das duas espécies de café em março, houve prejuízo ao cacau. A estimativa de produção de cacau alcançou 254.497 toneladas, queda de 2,8% em relação à estimativa de fevereiro.

A área plantada e a área a ser colhida foram reduzidas em 5,7% e 6,1%, respectivamente. A Bahia teve queda de 5,0% na produção em relação à estimativa de fevereiro, reflexo da redução de 7,9% da área a ser colhida com a cultura, em decorrência do clima mais chuvoso nos principais municípios produtores do estado.

“Acontece muito o consórcio dessas culturas (cacau e café), porque o café precisa de sombreamento”, afirma Andreazzi.