Pela proposta, a Airex pagaria a dívida trabalhista de R$ 5,185 milhões, incluída no plano de recuperação judicial da companhia, injetaria R$ 9 milhões para a Nilza voltar a produzir leite longa vida em até 60 dias. O restante da dívida incluída na recuperação judicial – cerca de R$ 214 milhões – seria pago em 10 anos, em parcelas mensais, com carência de 15 meses, exceto os fornecedores de leite, que receberiam em seis meses após dois meses do negócio concretizado.
Após uma suspensão de mais de uma hora na assembleia para que fossem avaliadas alterações nas propostas de renegociação, com a preferência dada a alguns credores, a advogada e representante da Tetra Pak, Joana Bontempo, informou que a empresa não votaria a proposta. Ela pediu, juntou com outros credores, a suspensão da assembleia.
? A Tetra Pak está desconfortável com a situação trazida para a assembleia, com o tratamento diferenciado de credores e com pedidos de alterações não informados ? disse Joana.
? Não é razoável que credores sejam avisados com 20 minutos de antecedência de alterações feitas ? completou a advogada.
Representantes da Airex tentaram pressionar a companhia e disseram que Tetra Pak pertencia à classe dos credores sem garantias reais, juntamente com outros quatro mil fornecedores e prestadores de serviços e não poderia ser tratada como um credor financeiro. Admitiram que não poderiam voltar a operar sem fornecedora, pois a empresa detém o monopólio do processo do leite longa vida na Nilza.
Além da polêmica com a Tetra Pak, representantes do comitê de credores questionaram e pediram a revisão nos R$ 10 milhões previstos para serem pagos em honorários e custos operacionais à Deloitte, administradora judicial da Nilza. Apesar de aceito pelos representantes, o pedido dificilmente será revisto, pois o valor foi homologado pela Justiça e a revisão não faz parte da pauta da assembleia da Nilza.
Mesmo com os questionamentos e sem consenso, o empresário Adhemar de Barros Neto, dono dos 65% da Nilza a serem negociados com a Airex, permaneceu o tempo todo calado, deixando a cargo dos advogados as poucas objeções e explicações. Também calados ficaram cerca de 50 funcionários, ex-funcionários, fornecedores e outros credores. Eles presenciaram a reunião apenas como ouvintes, pois não haviam sido informados do início da assembleia, em outubro, e só souberam pela imprensa do prosseguimento dela, hoje. Como não se cadastraram no início da assembleia, perderam o direito de se pronunciar.