Fernandes disse que embora o número de veículos produzidos no país venha batendo recordes sucessivos ? entre janeiro e agosto deste ano foram fabricados 2,4 milhões ? as conversões de automóveis ao GNV, menos poluente do que a gasolina e o diesel, mostram queda.
Até o fim de julho deste ano, a frota de veículos convertidos a GNV no Brasil somava 1.650.147 veículos. Para o coordenador, o número é reduzido em relação à frota total de cerca de 61 milhões de veículos, considerando ônibus, caminhões, automóveis, reboques e tratores, ou mesmo à frota de automóveis, de 35,35 milhões.
O Brasil chegou a ter entre 20 mil e 22 mil veículos convertidos por mês a GNV há cerca de três ou quatro anos. Atualmente, o maior número de conversões foi registrado em março passado ? 3 mil veículos ? segundo Fernandes.
Para o coordenador, o GNV está caro no país porque o governo não quer vender todo o gás que produz para o GNV, destinando-o a outras aplicações como a geração de energia elétrica. O coordenador afirmou que o país está deixando de explorar outras fontes alternativas de energia, como a eólica (dos ventos), solar e nuclear.
Fernandes reiterou que grande parte da frota mundial, de 950 milhões de veículos, é movida a gasolina ou a óleo diesel. Esses combustíveis são considerados altamente poluidores. Ele explicou que a molécula do diesel tem 12 átomos de carbono e a da gasolina oito átomos, enquanto o GNV tem apenas um átomo de carbono e o álcool dois.
Embora o etanol também contribua menos para o aquecimento global, Fernandes considerou que seria uma ilusão pensar que ele poderá substituir toda a gasolina e o diesel. Como a cana-de-açúcar não pode ser cultivada em todo o território, ele argumentou que entre as alternativas em estudo, o gás natural é a melhor.
? A solução é aumentar o uso do GNV em substituição à gasolina. Tudo indica que essa é a tendência. O IBP está trabalhando nisso ? afirmou.
Conforme Fernandes, a conversão de veículos ao GNV não está acompanhando o crescimento da frota porque os preços praticados para venda de gás no Brasil não são competitivos em relação a outros combustíveis.
O Brasil, frisou o coordenador, carece de uma política que estabeleça os combustíveis que devem ser utilizados, os que podem ser estimulados e como seriam regulados esses preços. Enquanto o país não dispuser dessa política de transporte e de energia, o setor do GNV vai sofrer “com uma política de preços fora da realidade brasileira”.
Fernandes lembrou que o GNV no Brasil é mais caro do que em países desenvolvidos como a França, Alemanha e os Estados Unidos. A consequência disso seria um retrocesso no crescimento do setor.