Com isso, agregam renda para as propriedades e aprendem uma segunda profissão. Mas, mais que isso, participam de uma mudança no mercado de trabalho, que está alterando o perfil de pequenos municípios. Depois da rotina no campo, Eloisa e mais 20 agricultoras percorrem uma estrada de chão batido para pegar um ônibus que as levará de Centenário, até a indústria Brendler, em Erechim, a 40 quilômetros de casa.
As vagas para costureira anunciadas em toda a região atraíram as agricultoras, mesmo que a jornada de 18h às 3h seja pesada. Com salário de R$ 800, carteira assinada, férias e fundo de garantia, Eloisa pintou a casa, comprou eletrodomésticos e também roupas para os filhos.
? O que ganhamos em uma safra de milho trabalhando o ano todo, ela ganha em três meses na fábrica ? conta o marido Dionísio.
Elói Brendler, proprietário da indústria que produz lingeries e roupas de ginástica para marcas famosas, conta que vem suprindo a falta de mão de obra qualificada dos centros urbanos por trabalhadores importados do campo. Dos 600 funcionários da fábrica, 30% vêm do meio rural. A falta de experiência não é problema: os contratados passam por um processo de aprendizagem na própria empresa.