O Brasil é o segundo maior produtor de grãos do mundo e o terceiro maior consumidor de fertilizantes. De acordo com Polidoro, a indústria nacional de fertilizantes estagnou na década de 90 e a demanda cresceu, a ponto de o país importar mais de 90% do produto.
? Hoje, consome-se 22,5 milhões de toneladas de fertilizantes, mas 92% é importado ? afirmou.
Estudos desenvolvidos pela rede de pesquisadores atuam em três frentes. A primeira objetiva ensinar os agricultores a aproveitar melhor os fertilizantes e os corretivos agrícolas para que, com a mesma quantidade, se produza mais.
A segunda frente visa a viabilizar fontes alternativas de nutrientes de resíduos agroindustriais (dejetos suínos e de aviários) ou resíduos minerais (fontes de potássio e fósforo de baixo teor não aproveitados pela indústria) para utilização na produção de fertilizantes.
? Se pegarmos 60% dos dejetos de suínos e 80% dos de aviários nos polos produtores [Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Goiás e Mato Grosso] e montarmos algumas fábricas que produzam fertilizantes agrominerais, temos potencial para atender até 20% da necessidade do país ? explicou Polidoro.
A terceira linha de trabalho é reduzir a perda dos nutrientes dos fertilizantes, agregando tecnologias que possam diminuir as perdas, utilizando a mesma quantidade.
O pesquisador disse que a Rede Fert Brasil é responsável pela parte da pesquisa do Plano Nacional de Fertilizantes, que deve ser concluído até o final de março e tem o objetivo de tornar o Brasil autossuficiente até 2020.
Ele afirmou que para aumentar a produção nacional é necessário ampliar a produção das jazidas já existentes, de onde se extraem fósforo e potássio, e explorar novas.
? Foram contatadas indústrias produtoras e muitas já se manifestaram e estão montando novas fábricas no país ? disse.
De acordo com a coordenadora de Assuntos Econômicos, da Confederação Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rosimeire Santos, cerca de 30% do custeio da safra é gasto com fertilizantes, um montante que varia entre R$ 18 bilhões e R$ 19 bilhões.
? É extremamente importante que seja criada uma política nacional [para a produção de fertilizantes]. Sabemos que não resolverá o problema a curto prazo, mas é estratégico para o país, já que abordará desde o marco regulatório de fertilizantes até questões tributárias que desonerarão a tributação para as empresas ? destacou Rosimeire.