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Mesmo com risco baixo de geada, clima deve sustentar cotação do café

Além do clima instável, a expectativa de uma safra menor de café robusta deve sustentar o preço 

Fonte: Suelen Farias/Canal Rural

O risco de geada nos cafezais brasileiros tem sido pequeno até momento, segundo o Rabobank, embora o clima tenha sustentado os preços. “Nós acreditamos que a possibilidade de prejuízo atraiu a atenção dos fundos e também dos produtores”, afirmou o banco. “Em face da valorização cambial e das chuvas fora de época registradas recentemente, entre o fim de maio e início de junho, produtores estão mais relutantes em vender, à espera de uma alta dos preços.” 

A previsão é que qualquer dano causado pela geada possa ter atingido apenas de 2% a 3% das lavouras de arábica do País, mas o risco de novas intempéries do tipo deve permanecer baixo até setembro. “Até lá, nós devemos ficar atentos a qualquer queda de temperatura que possa atrair a atenção dos fundos”.

Outra questão apontada pelo Rabobank é que a colheita tardia no Brasil pode influenciar a qualidade dos grãos. As chuvas têm atrasado a colheita e reduzido o tempo para a semi-lavagem dos grãos, uma forma de processamento que permite melhorar a qualidade do produto. O banco estima que 4 milhões de toneladas de grãos semi-lavados serão produzidos nesta temporada. 

Além disso, a expectativas de uma safra menor de café robusta para este ano deve sustentar os preços e até mesmo alterar o sabor do café no Brasil. A variedade robusta deve atingir uma porção menor do café consumido, na comparação com o arábica, diz o banco. “A mudança é muito evidente no Brasil: apesar de os consumidores escolherem misturas mais baratas, a falta de robusta significa que as misturas possam ter mais conteúdo arábica.” Isso poderia resultar em um deslocamento de 1 milhão de sacas de robusta consumidas para arábica em 2016/17, na comparação com o registrado na safra 2014/15, diz o banco. 

Produção mundial sobe

A produção mundial de café na temporada 2016/17 deve aumentar em 2,4 milhões de sacas de 60 quilos, em relação à 2015/16, e totalizar 155,7 milhões de sacas, estimou o serviço internacional do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A projeção de alta se deve principalmente ao avanço da produção de arábica no Brasil, contrabalançada com a queda da oferta de robusta no Vietnã, Indonésia e também no Brasil. Com isto, a participação de arábica na produção mundial deve superar 60%, após cinco anos abaixo dessa porcentagem.

A expectativa é de que o consumo alcance o recorde de 150,8 milhões de sacas. Com isso, os estoques devem ser os menores dos últimos quatro anos e cair para 31,499 milhões de sacas no encerramento da temporada – ante 35,398 milhões de sacas em 2015/16.

No Brasil, o maior produtor mundial de café, a produção deve somar 56 milhões de sacas, 6,6 milhões de sacas acima do reportado em 2015/16. Do total previsto para a próxima safra, que vai de julho deste ano a junho de 2017, 12,1 milhões de sacas são de robusta (-1,2 milhão de sacas).

A queda da produção da robusta é atribuída a temperaturas acima da média e prolongados períodos de seca em Espírito Santo. Já a de arábica deve atingir 43,9 milhões de sacas (+7,8 milhões de sacas). Segundo o USDA, uma boa fase de germinação entre setembro e novembro de 2015 foi seguida por condições climáticas ideais durante o período de frutificação em Minas Gerais e São Paulo. O USDA prevê uma queda no volume exportado pelo Brasil, que deve ficar em 32 milhões de sacas (-720 mil sacas ante 2015/16).

Enquanto isso, a produção no Vietnã deve totalizar 27,3 milhões de sacas em 2016/17, queda de 2 milhões de toneladas, por causa de temperaturas elevadas e períodos de seca. As exportações de café devem recuar 850 mil sacas, para 25,2 milhões de sacas, reduzindo os estoques em 2,2 milhões de sacas, para 3,5 milhões de sacas. No Vietnã, o ano comercial de café vai de outubro a setembro.

Do lado da demanda, as importações da União Europeia, principal região consumidora de café, devem alcançar o recorde de 44,5 milhões de sacas (-500 mil sacas ante 2015/16). O estoque final deve ficar praticamente estável em 11,8 milhões de sacas. As compras dos Estados Unidos devem permanecer em 24,6 milhões de sacas. Os estoques norte-americanos devem somar 5,8 milhões de sacas de café, (-300 mil sacas ante 2015/16). Para os países consumidores, o USDA considera o ano comercial de outubro de 2015 a setembro do próximo ano.

Para a temporada 2015/16, o USDA revisou a estimativa de produção para 153,3 milhões de sacas, 3,2 milhões de sacas a mais que a projeção anterior. A estimativa de estoque mundial também foi revisada para baixo e agora está em 35,4 milhões de sacas (-1,3 milhões de sacas) e as exportações mundiais foram elevadas para 112,9 milhões de sacas (+6,4 milhões de sacas). 

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