Minas Gerais deve produzir 50% do total da safra de café 2015/2016 do país, projetada em 44,3 milhões de sacas de 60 kg. A expectativa é da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Conforme o presidente da Faemg, Roberto Simões, a colheita da safra no estado está terminando e o longo período sem chuva e a temperatura muito acima da média histórica resultaram na ocorrência de grãos miúdos, com perda em quantidade e qualidade.
– Ao fim do processo, os produtores ainda amargaram queda nos preços pela saca – afirmou, ressaltando também que a crise aumentou os custos de produção da commodity nesta safra.
Para ele, diante desse cenário, surgem alguns desafios que precisam ser driblados: administrar, de forma estratégica, o escoamento da produção, realizar uma gestão otimizada do caixa e ainda planejar e investir na próxima safra.
– Em função dessa realidade, torna-se imprescindível definir prioridades e alternativas rentáveis, que não estejam suscetíveis às variações do mercado ou da economia. Temos dados que nos apontam que a melhor aposta é a produção de cafés especiais, que têm colocado em evidência as regiões produtoras de Minas Gerais – declarou.
A produção de cafés especiais no Brasil cresce entre 10% a 15% a cada ano. Atualmente, de acordo com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), cerca de 10% do café produzido no País é especial.
Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), o preço médio de venda das sacas de café commodity, entre janeiro e julho deste ano, foi de US$ 176,58, sendo que os naturais médios alcançaram US$ 156,51 e os especiais atingiram US$ 229,37. Entre os maiores consumidores dos cafés especiais brasileiros estão Japão, Estados Unidos e União Europeia. Já o mercado interno tem ainda muito potencial para crescer: das atuais 20 milhões de sacas consumidas no País, estima-se que apenas 1 milhão de sacas sejam de cafés especiais.
O diretor da Faemg, Breno Mesquita, afirmou, também em nota, que, além de apresentarem uma boa rentabilidade, os cafés especiais não estão sujeitos às oscilações da bolsa de valores.
– O Brasil sempre se destacou como um grande produtor de café commodity, que é cotado na Bolsa de Nova York e, por isso, sofre com as diferentes variações do mercado. Até mesmo uma alteração climática interfere no seu valor – afirmou, ressaltando que o Brasil precisa mostrar a qualidade de seu produto.
Na semana que vem, entre os dias 24 e 26, a capital mineira vai ser a sede da Semana Internacional do Café (SIC). A expectativa é que neste ano sejam gerados R$ 25 milhões em negócios diretos e cerca de R$ 60 milhões indiretamente.