O avanço desenfreado sobre a Floresta Amazônica no último bimestre acendeu o sinal de alerta em Mato Grosso. Responsável por 80% da devastação registrada entre março e abril, o Estado viu o desmatamento crescer mais de cinco vezes em relação aos dados levantados no mesmo bimestre do ano passado.
Nesta quinta, dia 19, a Secretaria de Meio Ambiente negou que tenha ocorrido falha na fiscalização. Destacou que entre 2004 e 2010 houve redução de 93% no desmatamento irregular no Estado e enfatizou que as operações a campo foram intensificadas. As investigações já apontaram que em pelo menos 16 fazendas foram abertas áreas sem autorização.
O superintendente do Ibama, Ramiro Hofmeister de Almeida, revelou que seis dos 10 maiores desmatamentos apontados pelos satélites não foram cometidos por produtores rurais. Os criminosos seriam especuladores, que estariam extraindo e comercializando a madeira ilegal, e em seguida arrendando as áreas abertas.
Enquanto as autoridades intensificam o combate ao desmatamento irregular, pecuaristas de Juara, a 664 quilômetros de Cuiabá, iniciam uma campanha contra este crime ambiental. Desde 2008 o município integra a lista dos maiores desmatadores da Amazônia Legal. Agora os produtores querem tentar reverter esta imagem.
A campanha Desmatamento Ilegal Zero é fruto de uma parceria entre o Sindicato Rural de Juara, a Acrimat e a Associação dos Criadores do Vale do Arinos. O objetivo é orientar pecuaristas da região a não cometerem irregularidades, como abertura de novas áreas e derrubada de campos em recuperação florestal sem autorização, extração de madeira sem manejo florestal e realização de queimadas sem permissão. Nos próximos dias, cartazes e panfletos serão distribuídos aos produtores da cidade, que é considerada a capital do boi em Mato Grosso, concentrando um rebanho de 945 mil animais.
Durante a coletiva de lançamento da campanha, a Acrimat se comprometeu a apoiar a realização do projeto nas cidades que concentram os 20 maiores rebanhos de Mato Grosso.