O principal deles, e determinante para a queda do subcomandante-geral da BM, coronel Lauro Binsfeld, responsável pela desocupação, foi não ter levado o Batalhão de Operações Especiais (BOE), a tropa de elite da corporação, treinada para situações de alto risco e controle de tumulto. A operação ficou a cargo de PMs das regiões do sul do Estado.
As razões para o BOE ficar de fora da operação ainda são um mistério, pois a cúpula da BM evita falar sobre o episódio, sob a alegação de que um inquérito policial-militar vai apurar a conduta dos PMs. Contudo, especula-se que o motivo tenha sido uma avaliação equivocada da situação dentro da fazenda.
Em nota divulgada sábado pelo comandante-geral da BM, coronel João Carlos Trindade, ao anunciar a destituição do subcomandante-geral, Trindade desconhecia que o BOE tenha sido dispensado de mandar seus homens para São Gabriel.
? Constatou-se erro na execução, na medida em que o planejamento do comandante-geral não foi seguido na íntegra ? informa o texto.
Sabe-se que 150 PMs do BOE, em Porto Alegre, estavam prontos para embarcar para São Gabriel a qualquer momento, aguardando apenas ordem superior, que não veio. Nos quartéis, a ausência do BOE na Fazenda Southall causou perplexidade entre PMS.
? Isso é inacreditável ? espantou-se um oficial.
Raramente o BOE (seja a unidade da Capital, de Passo Fundo ou de Santa Maria) é excluído desse tipo de operação.
? Quando se vai agir em situação de risco, a regra número um diz para levar o melhor que se tem, e o melhor é o BOE ? acrescentou outro graduado PM.
Após a entrevista no sábado, Trindade repassou o celular funcional para um assessor e mandou dizer que não falaria mais sobre o episódio.
A morte do sem-terra servirá de exemplo na BM de como não executar uma operação de risco. Nos bastidores da BM, é unânime o sentimento de que, nas próximas mobilizações sociais, será indispensável a presença de unidades especializadas, bem treinadas, com total sintonia entre comandantes e comandados e dialogar mais com os manifestantes.