Com mais da metade da safra colhida, a saca de café conilon subiu quase R$ 30 em um mês. A explicação é que a indústria ainda está com pouca oferta do produto, mas o preço deve cair com a entrada do arábica no mercado.
A Conab estima que a safra de conilon deste ano deve ser 27% maior, em comparação com a produção de 2016, com mais de 10 milhões de sacas. Isso é consequência do aumento da produtividade, já que houve queda na área cultivada no país.
Mesmo com a colheita e o aumento da oferta, o preço da saca vem em elevação. De acordo com o Cepea, a cotação no Espírito Santo está em torno de R$ 420, alta de 7% em 30 dias.
“Isso é reflexo de uma falta de café momentânea. Mesmo com a chegada da safra, ao analisar os estoques e os compromissos futuros, tanto de produção da indústria como de exportação, quem acompanha o setor notou que vai faltar café logo”, diz o analista de mercado Haroldo Bonfá.
Para o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café), o mercado ainda sente a quebra da safra brasileira do ano passado. “Hoje o robusta é consumido ao redor de 40% no mundo, e o Brasil é um bom produtor de robusta, de conilon. Quando acontece um problema como esse, o reflexo também vem nos preços internacionais e, lógico, internamente”, diz Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé.
Os preços do conilon podem cair com o aumento da oferta do arábica, mas ainda devem continuar num patamar elevado. O analista Haroldo Bonfá afirma que é um momento oportuno para o produtor fazer bons negócios e se preparar para uma queda da cotação mais adiante.
“Com a entrada do arábica, que também tem uma safra muito grande, vai haver disponibilidade de cafés que são substitutos, um pode substituir o outro. E com isso o arábica deve baixar de preço, pressionando o conilon. No entanto, a gente tem de levar em conta que a próxima safra só se dará em maio do ano que vem”, diz ele.
Segundo Bonfá, a safra de 2018, tanto do arábica quanto do conilon, será excepcional: “A palavra excepcional significa pressão de baixa, tanto no mercado interno quanto no externo. Então os produtores têm de se organizar, porque nós estamos no verão do café, e o inverno do café pode ser 2018.”