De acordo com Cunha, a expectativa para este ano era que o Nordeste esmagasse cerca de 63 milhões de toneladas de cana. Após as chuvas, que deixaram parte das lavouras submersas, a expectativa é que a região faça a moagem de cerca de 59 milhões de toneladas. Além de moer menos, o Nordeste deverá atrasar em pelo menos um mês o início do processamento da cana, que deveria ocorrer em agosto.
? Sendo otimista, acredito que vamos esmagar cerca de 59 milhões de toneladas de cana ? lamentou Cunha.
A expectativa nacional é moer neste ano 590 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
Além do volume menor, outro fator preocupa os usineiros nordestinos. As lavouras mais próximas ao litoral, plantadas em região de várzea, ficaram submersas, o que resultou na alteração do nível de sacarose do produto.
? A sacarose é a riqueza da cana-de-açúcar. Submersa, a planta não respira e seu nível de sacarose cai muito ? explicou.
As cheias dos rios Mundaú e Canhoto atingiram usinas e canaviais na Zona da Mata alagoana. Nas áreas montanhosas, onde a chuva não provocou alagamentos, o problema se concentra nas estradas e na manutenção dos empregos. Por se dar em terrenos mais acidentados, a monocultura da cana no Nordeste acaba contando com um nível de mecanização menor que as lavouras do Centro-Sul do país e, com isso, emprega proporcionalmente mais pessoas.
Enquanto o Centro-sul, onde a cultura ocorre em áreas planas, emprega em média 0,8 trabalhador para cada mil toneladas de cana, a Zona da Mata nordestina emprega 5,8 homens a cada mil toneladas. Segundo dados do sindicato, enquanto a participação do Nordeste na produção nacional de cana-de-açúcar varia entre 11% e 12%, a participação no número de empregos gerados pelo cultivo da cana em todo país é de 33%.
Além dos empregos gerados pelo cultivo, pequenos produtores rurais que vendem cana-de-açúcar para as indústrias também tiveram suas plantações destruídas. Em todo estado de Pernambuco, 12 mil pequenos proprietários se dedicam ao cultivo da cana.
Pernambuco e Alagoas já contam 44 mortos devido aos alagamentos ? 29 em Alagoas e 15 em Pernambuco. Em Alagoas, 64.515 pessoas tiveram de deixar suas casas, 17 municípios decretaram estado de emergência e 15, calamidade pública. Em Pernambuco, os temporais obrigaram mais de 40 mil pessoas a deixar suas residências. Nove cidades pernambucanas decretaram situação de calamidade pública e 30 encontram-se em situação de emergência.