Em Santo Antônio do Jardim, interior de São Paulo, João Pedro Mora dá continuidade ao cultivo de café de três gerações. Ele conta que desde janeiro, o grão teve uma valorização em torno de 74%. Em janeiro, a saca estava cotada, em média, a R$ 276. Agora em dezembro, os valores estão próximos a R$ 480. Mas, apesar dos preços melhores, o cafeicultor reclama dos custos de produção.
– Com os custos de inseticida, herbicida e os tratos culturais todos, os custos saem na faixa de R$ 280 a R$ 300 por saca. Está ficando caro – diz o produtor.
Os produtores do Brasil já encerraram a colheita desta safra. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção deve ser de 45,3 milhões de sacas, uma queda de 7,7% em comparação à safra anterior. A questão agora é saber qual será o tamanho da próxima safra, já que os pés de café foram prejudicados pela seca.
Algumas regiões produtoras registraram metade da quantidade normal de chuvas previstas para o ano. Em algumas regiões, a florada, que indica o tamanho e qualidade da safra, aconteceu em julho, antes do período ideal. Na região de Espírito Santo do Pinhal, a falta de chuva reduziu em 30% a produtividade dos cafezais.
– A seca fez com que tivéssemos grãos pequenos na safra atual e também fez com que os ramos que deveriam ter crescido para a safar de 2015 crescessem muito pouco – explica o diretor de Agricultura do município de Espírito Santo do Pinhal, Tiago Barbosa.
O que está ajudando a compensar a queda na produção deste ano são os amplos estoques de café, decorrentes da volumosa safra passada. Antes do início da colheita, o Brasil tinha 15,2 milhões de sacas estocadas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), valor 15% maior em comparação com o mesmo período do ano anterior. Mas o que preocupa agora são os preços na próxima safra.
– A previsão da Conab é de uma safra menor em 2015. Vamos ver como o mercado vai se comportar. É um mercado muito especulativo, imprevisível, e sabemos que haverá quebra de safra de novo por conta das adversidades climáticas – aponta Barbosa.