A produção global de café no ano-safra de 2016/2017 deve alcançar 151,6 milhões de sacas, praticamente o mesmo volume (alta de 0,1%) em comparação com 2015/2016. Esse total compreende um aumento significativo da produção de arábicas (+4,4%), para recorde de 93,5 milhões de sacas (3,9 milhões acima do volume do período anterior). O aumento dos arábicas é contrabalançado por uma redução de 3,7 milhões de sacas na produção de robustas (-6%), segundo números do relatório mensal de mercado da Organização Internacional do Café (OIC), divulgados nesta quinta-feira, 12.
A organização destaca que o relatório é a contribuição final à transparência do setor cafeeiro feita pelo brasileiro Robério Oliveira Silva, diretor-executivo da entidade, antes de falecer em 30 de dezembro de 2016. “Sua última discussão com a equipe das Seções de Economia e Estatística da OIC sobre a situação do mercado de café aconteceu antes da interrupção dos trabalhos para o Natal”, esclarece a OIC.
Conforme o documento, a produção do Brasil em 2016/2017, cuja colheita já foi encerrada, deve se recuperar com vigor depois de dois anos de seca, alcançando um total de 55 milhões de sacas de 60 kg. A recuperação prevista é da safra de arábicas, num ano de alta do ciclo produtivo bienal do País, maior produtor e exportador mundial. “A safra do conilon brasileiro (robusta) continua afetada pela seca, e prevê-se que o consumo interno absorverá a produção, deixando volumes ínfimos para exportação”, informa a OIC.
Novas projeções
A produção do Vietnã em 2015/2016 foi revisada para mais, passando a 28,7 milhões de sacas, considerando novos dados de exportação. “Esse volume representaria uma safra recorde”, comenta a organização. As perspectivas para 2016/17 são menos positivas, pois a seca do início do ano civil de 2016 provavelmente afetará a produção que, segundo estimativa provisória, registrará uma queda de 11,3%, passando a 25,5 milhões de sacas.
Na Colômbia a produção continua a se recuperar: depois de cair para 7,7 milhões de sacas em 2011/12, ela aumentou a cada ano desde então, e se estima que tenha subido 3,5% para 14,5 milhões de sacas. No primeiro trimestre de 2016/17 (outubro a dezembro) a produção já está 5,4% acima do volume do ano passado, alcançando 4,4 milhões de sacas.
Na Indonésia más condições meteorológicas também prejudicaram a safra de 2016/2017 que, segundo estimativas, caiu 18,8% para 10 milhões de sacas, embora, dependendo dos volumes exportados, este volume ainda talvez precise de revisão. Outra circunstância a levar em conta é que um mercado vibrante de consumo interno deve reduzir a disponibilidade para exportação.
Quanto a outras regiões e países, estima-se que no México e América Central a produção total tenha aumentado 2,6%, passando a 17,4 milhões. Na África, estima-se que a produção total aumentará 0,8%, passando a 16,4 milhões de sacas.
A OIC atualizou dados de consumo relativos ao ano cafeeiro de 2015/2016 (outubro a setembro). Isso resultou em uma elevação significativa nas cifras, com maiores volumes que os previstos na União Europeia (aumento do consumo de quase 600 mil sacas em relação à estimativa anterior), nos EUA (aumento de 841 mil sacas) e na Rússia (mais 400 mil sacas).
Com isso, o consumo mundial em 2015/2016 está projetado em 155,7 milhões de sacas (mais 2,6% em relação a 2014/15). “Isso representa um déficit expressivo em relação à produção, que foi de 151,4 milhões. É possível, contudo, que parte da alteração seja atribuível a estoques em movimento, que não estão registrados oficialmente – e não ao consumo real”, pondera a OIC. Assim, em 2016/2017 as cifras do consumo poderão se reduzir à medida que esses estoques forem sendo absorvidos no mercado, apesar do crescimento geral.