A safra de café robusta 2018 no Espírito Santo, que começa a ser colhida em abril, deve ficar estável na comparação com a temporada passada, ou até registrar pequeno avanço. O Estado, principal produtor da variedade no Brasil, teve seus cafezais bastante prejudicados pela seca em 2015 e 2016. No ano passado, a produção da variedade já apresentou recuperação, atingindo 5,9 milhões de sacas de 60 kg, alta de 17,5% em relação ao ano anterior.
De acordo com o diretor Técnico, Mauro Rossoni Junior, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o clima melhorou nas regiões produtoras capixabas. A dificuldade para uma recuperação mais intensa se dá pela demora em se reorganizar as lavouras após os problemas climáticos e também pela necessidade de replantio, em alguns casos. “Os produtores têm sinalizado uma colheita próxima da de 2017 ou levemente maior. Por causa da seca, muitos fizeram o replantio. Essas plantas só devem começar a produzir a todo vapor a partir de 2019”, explicou.
Outro fator que pode comprometer a produção é a redução da área plantada. Rossoni disse que o preço menos remunerador tem limitado os investimentos dos cafeicultores. A área cultivada no Espírito Santo vem diminuindo ao longo dos anos e, no ano passado, recuou cerca de 10%, segundo dados do Incaper.
O gerente Comercial de Café, Edimilson Calegari, da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), no norte do Estado, principal região produtora de conilon, apontou também a redução do parque cafeeiro como um empecilho para uma safra muito volumosa e crê numa recuperação total a partir de 2019. Entretanto, diante do clima mais chuvoso, ele espera crescimento de até 20% na colheita deste ano para a variedade no Espírito Santo, sobretudo no norte e noroeste (responsáveis por mais de 80% da produção de conilon capixaba), e também no sul da Bahia, onde existem algumas áreas de atuação da cooperativa. A estimativa da Cooabriel é de que a colheita alcançou cerca de 6 milhões de sacas no Espírito Santo e 2 milhões de sacas no sul da Bahia, somente de conilon, em 2017.
Para 2019, Calegari disse que as perspectivas são positivas, mas reforçou que é difícil olhar para um intervalo de tempo tão longo. “As plantas já estarão em plena capacidade de produção, mas dependem muito do clima. Temos sempre um pé atrás com essa questão”, observou.
Já para a colheita deste ano, tanto Calegari quanto Rossoni destacaram que a safra está passando por um momento importante e que precisa de muita água. “Agora é o período de formação do grão. É a fase mais crítica. Precisamos de mais água no pé de café para o grão se formar (evitando que fiquem chochos)”, disse Calegari.
O ritmo de chuvas no parque cafeeiro de robusta no Estado foi positivo no começo do mês, mas agora o calor tem predominado. Mesmo diante do fato de, segundo o Incaper, 70% da lavoura capixaba da variedade ser irrigada, a técnica pode não ser suficiente para compensar as altas temperaturas. A estimativa, por agora, é de mais chuva para o fim deste mês. “Se vier uma chuva de 50 a 60 milímetros estaremos tranquilos”, acrescentou Calegari.
Nesta sexta-feira de manhã a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou a primeira estimativa para a safra de café no Brasil em 2018, que deve aumentar de 21% a 30% em comparação com a safra do ano passado, para entre 54,44 milhões e 58,51 milhões de sacas. Segundo a Conab, a safra de conilon no Espírito Santo deve crescer entre 29,5% e 46%, de 7,7 milhões de sacas a 8,7 milhões de sacas.