Uma área abandonada e praticamente tomada pelo mato. É assim o cenário de uma aldeia, indígena com cerca de 500 hectares e onde vivem aproximadamente 200 índios, na cidade de Maracaju (MS). A constatação é feito pelos próprios índios que vivem no local. Ao lado, um cenário bastante diferente. O milharal plantado em consórcio com a Brachiária, mostra a prosperidade de uma lavoura com tecnologia.
Antes da demarcação, quase 10% da área da aldeia pertenciam à propriedade de Lucas da Rocha. Ali o agricultor plantava algodão e investia no melhoramento do solo. Hoje, a diferença entre os dois locais, faz o produtor questionar o avanço das demarcações:
? É triste ver que a área em que investiu durante anos hoje está abandonada, um matagal só, e que isso é uma prova de que não adianta dar terras aos índios se a Funai não investe na melhoria das aldeias, que na verdade o problema não é falta de terras e sim a falta de condições nestes locais.
Assim como ele, outros produtores se preocupam com a provável criação de novas aldeias no sul do Estado. Ao todo, 26 municípios devem passar por estudos antropológicos para definição de áreas indígenas. A incerteza quanto ao futuro da agropecuária na região está tirando o sono dos pecuaristas.
A polêmica em torno da demarcação de novas áreas indígenas também traz à tona a preocupação da ocorrência de novas brigas por terra. Hoje, segundo a Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), existem 32 áreas em conflito no Estado. Agora a classe produtora teme que a decisão do STF favorável aos índios em Roraima possa, de alguma forma, acabar incentivando novas invasões no Estado.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Maracaju, Luciano Muzzi Mendes, alguns produtores vão contratar segurança especializada para combater possíveis invasões.
? A decisão do STF em Roraima deve, sim, incentivar novas invasões em MS. Os produtores não vão ficar de mãos atadas, estão contratando segurança privada para evitá-la. O risco de conflitos é certo.