O pomar do produtor Waldemar Contim está formado há seis anos, em Cornélio Procópio, norte do Paraná. Ele mesmo plantou as mudas, que adquiriu por R$ 20 mil, à base de troca por três colheitas. O produtor diz que tem um custo que varia de R$ 3 a R$ 4 mil com o manejo das plantas. Um deles é com o óleo diesel para o trator que faz a roçagem entre os pés de laranja.
? Anoto tudo, quando chega ao fim do ano fazemos o cálculo, mas por enquanto o retorno é só para pagar as mudas. Mas esse ano, se Deus quiser, nós vamos recuperar um pouco ? conta.
As informações da colheita de Contim e dos produtores vizinhos foram levadas para uma reunião no Sindicato Rural de Cornélio Procópio. Elas vão compor uma planilha de custos a partir da realidade econômica da região.
? Os dados colhidos junto aos produtores servem para montar uma planilha, e a partir daí definir um valor de custo de uma caixa de laranja. Com esse dado em mãos o produtor possa comparar o que ele está gastando com o que ele está comercializando, e tomar as decisões necessárias para a gestão da sua propriedade ? explica o assessor em fruticultura da CNA, Eduardo Brandão.
O projeto piloto aconteceu em São Paulo no ano passado, em cidades com produção de laranja voltada para a indústria. No norte do Paraná o alvo do encontro são os produtores de laranja de mesa. A razão é que a caixa de laranja de mesa vale mais do que o dobro daquela que segue para a indústria. Mas, se o valor de mercado é maior, o custo com o manejo do pomar também é mais elevado. Por isso, é preciso saber administrar cada detalhe da atividade.
Em 2010 o Paraná produziu 600 mil toneladas de laranjas, 90% foram para a indústria de sucos e 70% seguiram para o mercado externo. O Paraná representa apenas 2,5% da produção nacional de laranjas, mas o interesse pela commodity está aumentando no Estado.
? A renda do produtor é gerada não com a produção de frutas, mas sim com a comercialização. Por isso a questão do custo de produção é fundamental para estruturar a produção ? esclarece a assessora para fruticultura da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Elisangeles Souza.
Os dados vão se transformar em um software que deve ser distribuído pela CNA para as associações ligadas aos produtores.
? Para o produtor ser uma empresa, para ter um lucro maior, e com isso agregar renda, e não apenas distribuir, ele tem que ser sustentável com que ganha, ele precisa ou aumentar a receita ou melhorar a utilização de recursos, ser mais eficiente reduzir o custo unitário de produção ? explica o coordenador de Projetos do Centro de Inteligência em Mercados da Universidade de Lavras/MG, Fabrício Andrade.