O pesquisador da UnB Ronaldo Silva escolheu o município de Cristalina, um dos principais pólos de produção de grãos de Goiás, para estudar o sistema de comercialização da soja. Ele comparou os custos do mercado de venda antecipada para tradings com o mercado futuro da bolsa de valores. Em um ano e meio de trabalho, o pesquisador verificou que a maioria dos produtores da região privilegia as tradings na hora de vender o produto. Embora esse tipo de negócio seja menos lucrativo, os agricultores têm mais facilidade para obter os recursos.
? O volume de documentos exigidos, garantias, acaba sendo um empecilho para obtenção de crédito bancário, além da escassez de crédito. Na trading, é muito mais fácil, ele está lá, bate na sua porta, leva um contrato para assinar e pronto: está resolvido o problema. Ele tem que dar um deságio em torno de 20% em cima da saca de soja, no momento em que está fazendo a operação ? disse Silva.
A pesquisa mostra ainda que os custos para o pequeno produtor são maiores do que para o grande agricultor. Contando com esse dinheiro para financiar a safra, os pequenos chegam a pagar juros que variam de 10% a 12% ao ano. Com mais condições de negociar, os grandes agricultores vendem às tradings e financiam o plantio com juros de, no máximo, 6% ao ano. Em tempos de crise, a vida dos pequenos fica ainda mais complicada.
? Se você pensar no negócio soja no país, que são 60 milhões de sacas, isso dá uma diferença de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões do ponto de vista do faturamento dos produtores no Brasil ? concluiu o pesquisador.