Pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais, estão desenvolvendo uma técnica para reduzir os custos de produção no plantio do café que pode diminuir em até 38% os gastos no controle de ervas daninhas.
O sistema já é muito utilizado no cultivo de hortaliças e há dois anos começou a ser testada também no plantio de mudas de café. O solo é coberto com uma lona de filme plástico, conhecida como mulching, que protege toda a área ao redor das plantas e impede o desenvolvimento de plantas invasoras.
O experimento realizado pela universidade mostrou que, após dois anos, os pés de café cultivados sob o plástico branco tiveram crescimento superior aos do plantio convencional, tanto em relação ao número de ramos produtivos quando ao de nós presentes em cada ramo.
“Essas características têm uma relação muito forte com a produtividade do cafeeiro”, afirma a pesquisadora da UFU Gleice de Assis.
A média de custo de implantação do projeto é de R$ 2 mil por hectare, dependendo do espaçamento entre as mudas. O mulching é produzido com polietileno, material 100% reciclável. “A recomendação é que, antes da primeira colheita, esse material seja retirado e enviado para a reciclagem”, afirma o engenheiro de materiais Cristiano Rolla.
Além de reduzir o custo de produção, a técnica também proporciona melhor aproveitamento de recursos hídricos. De acordo com os pesquisadores, durante os primeiros doze meses houve redução de 28% no consumo de água das lavouras.
Gleice de Assis afirma que a frequência de irrigação é bem menor nas áreas que têm mulching. “O solo se mantêm mais úmido com esse filme plástico e, consequentemente, [reduz-se] a lâmina d’água aplicada”, afirma a pesquisadora
O material está sendo testado numa lavoura de 9 hectares na propriedade de Carlani Agustinho Vieira, em Monte Carmelo (MG). No primeiro de avaliação, houve redução de 38% nos gastos com controle de ervas daninhas.
O produtor rural afirma que foi possível eliminar praticamente quatro capinas durante o primeiro ano do ciclo do cafezal. “E, se nós não tivéssemos a implantação do mulching, a gente estaria trabalhando com duas ou três aplicações de herbicida pré-emergente e uma de pós-emergente”, diz Vieira.