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Uso de hedge cambial daria ganhos de 500% aos cafeicultores, diz CNA

Ferramenta é utilizada no mercado financeiro com vencimentos futuros para proteger a cotação do produto contra oscilações de moeda

Fonte: André Luíz A. Garcia/Fundação Procafé

Os produtores de café arábica teriam mais ganhos na comercialização da safra 2014/2015 se tivessem adotado o mecanismo do hedge cambial, ferramenta utilizada no mercado financeiro com vencimentos futuros para proteger a cotação do produto contra oscilações do dólar, assegurando bons valores de venda, segundo a publicação Ativos do Café, elaborada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pela Universidade Federal de Lavras (UFLA).

O estudo foi feito com base em levantamentos de custos de produção em nove municípios produtores do país, que adotam os três sistemas de produção: mecanizado, semimecanizado e manual. A partir destas informações, foi possível analisar a margem líquida dos produtores, que consiste na diferença entre receita bruta e os custos totais da atividade cafeeira. Segundo a análise, mesmo em regiões onde os cafeicultores tiveram margem líquida positiva, a contratação deste instrumento daria receitas ainda maiores, com uma diferença média que poderia chegar a 553%.

De acordo com o estudo, apenas as regiões com produção mecanizada tiveram lucro sem a utilização de hedge: Luís Eduardo Magalhães (BA), Monte Carmelo (MG), Franca (SP) e Capelinha (MG). Entretanto, com esta ferramenta, os ganhos de margem líquida seriam superiores a R$ 100/saca. Nas áreas com produção manual pesquisadas no boletim, todas tiveram margem negativa, mas os prejuízos seriam transformados em ganhos de até 150% se os cafeicultores optassem por proteger seus preços de venda dos riscos da queda da moeda norte-americana.

Custos de produção

O boletim apontou diferenças de até 135% nos custos de produção com colheita e pós-colheita entre as regiões com produção mecanizada e manual. Com o uso de maquinário, há menos demanda de mão de obra, o que reduz os desembolsos com contratação de pessoal nas etapas de colheita, secagem e beneficiamento, que nas regiões semimecanizadas e manuais responderam, respectivamente, por 39% e 37% do Custo Operacional Efetivo (COE), que engloba as despesas rotineiras com a produção. Nas áreas mecanizadas, este percentual foi de 16%.

Um dos itens que mais pesou nos custos de produção foi o fertilizante, cujos preços subiram 13,56% em agosto em relação a abril, época de início de colheita em algumas regiões.

– A valorização do dólar frente ao Real é a principal causa deste aumento. Os fertilizantes sofrem impacto direto das variações cambiais, pois grande parte da matéria prima para sua fabricação é importada. Neste cenário, o cafeicultor deve ficar atento às formas de aquisição dos fertilizantes para a safra atual (2015/2016), especialmente devido às incertezas sobre a taxa de câmbio nos próximos meses. Além disto, ele deve se atentar para adequar o planejamento de compras às necessidades dos cafeeiros – explica o boletim.

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