– A Colômbia não tem conseguido nos últimos anos aumentar sua produção e isso é, sem dúvida, um fato forte. Nós devemos também esperar para avaliar corretamente até que ponto isso prejudica. Por enquanto, são as primeiras informações. Agora, isso favorece o mercado brasileiro de qualidade – avalia.
No campo, o produtor fica atento a todo esse cenário tentando encontrar oportunidades. O responsável técnico da fazenda Tozan, em Campinas, São Paulo, Clóvis da Silva Nunes, aponta que no local a lavoura se desenvolve e a próxima colheita deve começar em maio. Um olhar está sobre o cafezal, para garantir uma boa safra. Outro, sobre o mercado no Brasil e no Exterior, os números das bolsas, os preços futuros e o comportamento do mercado físico, para avaliar a situação atual e identificar tendências.
São 300 hectares de café arábica certificado. Neste ano, a colheita chegou a 10 mil sacas. Em 2012, deve cair pela metade, porque, segundo ele, a fazenda tem bianualidade invertida em relação à safra brasileira. Nunes se diz otimista quanto aos preços.
– A gente vê que houve uma evolução de preços desde o final de 2010. Nós vemos que o preço vai se manter, pelo menos, por algum período. É importante o momento. Temos que ficar de olho no que acontece interna e externamente, porque o café é uma commodity e sofre influências mundo afora. Temos que ter cuidado e ficar atentos a tudo o que acontece – afirma.
O valor de venda do café da propriedade neste ano variou entre R$ 400 e R$ 570 a saca. O valor médio no mercado brasileiro em 2011 ficou em torno dos R$ 450. O analista de mercado Fernando Barros explica que os problemas na safra colombiana já influenciam o mercado. E acredita em preços ainda maiores em 2012. Acima de R$ 600 por saca.
– O produtor tem que se preocupar com a lavoura dele. Se ela dará café, quanto dará. Porque houve seca de maio a setembro no Brasil, atingindo todas as lavouras. E houve um frio também. Para a venda de safra menor, tem que vender 20% para ser entregue em julho, agosto e setembro, desde que os preços estejam satisfatórios. Isso é R$ 520, R$ 550, R$ 600 acima. Mais 30% de setembro a dezembro e 50% de janeiro a maio de 2013 – pontua.
Para o analista, o cafeicultor deve aproveitar o momento de alta sem entusiasmo com os preços. A opinião é compartilhada por Nunes.
– A gente tem que ter a cautela de não se empolgar com essa evolução de preços e sair fazendo investimento de qualquer forma. O foco agora é aproveitar o bom momento do café, recuperar a lavoura e investir em tecnologia, em qualidade, para pode ter sustentabilidade na produção – opina.