O setor entregou ao Ministério um documento propondo uma linha de crédito para estocagem, que teria como base o preço mínimo de garantia: R$ 261 a saca de café arábica de 60 quilos. A proposta foi aceita pelo governo federal, mas ainda é preciso estabelecer o volume de sacas a serem “represadas” para estimular a melhora nos preços.
? A proposta é que o produtor tenha acesso a financiamento irrestrito de recursos para a pré comercialização, para que ele, segurando seu café, possa vender em momentos mais adequados, bem depois da safra que se aproxima ? explica o presidente da Comissão Nacional do Café, Breno Pereira de Mesquita.
Os produtores estariam pedindo recursos para reter 20 milhões de sacas, o que representa um valor perto de R$ 600 milhões. O governo federal ainda não se posicionou sobre o assunto.
O Paraná tem cerca de 10 mil cafeicultores e 82 mil hectares plantados. Nesta safra, o Estado deve colher dois milhões de sacas. É pouco para quem já respondeu pela maior produção nacional do grão. Segundo a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), o custo alto da implantação da colheita mecanizada, que traria mais competitividade, é apenas um dos problemas do setor.
? Nós temos um maior custo com a mão-de-obra pelo fato de o salário regional ser maior do que nos outros Estados, e por um deságio do nosso produto em relação aos outros Estados. Deságio esse não fundamentado, porque o nosso café é tão bom quanto o dos outros Estados ? disse o presidente da Comissão de Café da Faep, Guilherme Lange Goulart.
Representantes de associações de cafeicultores de 18 municípios paranaenses avaliaram que a atividade precisa seguir novos rumos para não desaparecer do Estado. O preço de venda, cerca de R$ 240 atualmente, é um dos principais entraves para a atividade. O produtor Floriano Leite Ribeiro já pensa em desistir da cafeicultura.
? É com muita tristeza que penso em desistir, porque foi uma vida dedicada à cultura do café. Porém, chega um ponto em que é impossível comprometer todo um patrimônio só por uma insistência heróica para continuar em uma atividade ? avalia o cafeicultor.