Reunidos em Brasília, líderes dos cafeicultores passaram o dia negociando com o governo na tentativa de prorrogar por 90 dias o pagamento das dívidas, vencidas em dezembro, que totalizam R$ 3 bilhões. A idéia é criar nesse período um grupo de trabalho, com integrantes dos Ministérios da Agricultura, Fazenda, pesquisadores e produtores, para elaborar um estudo aprofundado sobre o endividamento do setor.
? Há oito anos operamos no vermelho. É chegado o momento para que se coloque um basta nisso e o governo tem toda a condição para fazer isso pela cafeicultura brasileira, que gera hoje, direta ou indiretamente, oito milhões de empregos ? disse o presidente do Conselho Nacional do Café, Gilson Ximenes.
A proposta encaminhada à área econômica do governo federal prevê que os débitos sejam pagos com café.
? O produtor transforma sua dívida em produto, tem prazo de 20 anos e que a cada ano paga 5% desse endividamento ? explicou o presidente da Frente Parlamentar da Cafeicultura, deputado federal Carlos Melles (DEM-MG).
Mas para os produtores, só a suspensão do pagamento das dívidas não basta. É preciso políticas de garantia de renda.
? Num primeiro momento seriam as opções públicas de café. Acho que foi um instrumento usado em 2002 que teve sucesso absoluto ? afirmou Breno Mesquita, que integra a Comissão Nacional do Café da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).