• Indefinição sobre a safra 2014/2015 de café deixa mercado instável
– Eles fazem uma conta que não existe – protesta Belle.
O engenheiro agrônomo da Cooperativa de Cafeicultores da Região de Pinhal (Coopinhal), Celso Scanavachi, contesta o laudo do seguro e afirma que a produção vai ser menor este ano.
– A perda deve ser de, em média, 20% a 40% – relata Scanavachi.
Os pés de café estão carregados, mas muitos frutos só têm casca, ou grãos pequenos. Alguns parecem se esfarelar entre os dedos. Como consequência, menor quantidade e qualidade. E com a qualidade prejudicada, cai a remuneração do cafeicultor.
O cafeicultor Renato Augusto Mazarini já fez a colheita e as perdas chegaram a 40%. Ele tem uma pequena propriedade e financia a lavoura com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que é o crédito com seguro para cobrir os custos de produção. Mas o cafeicultor afirma que a burocracia é tanta que ele prefere arcar com o prejuízo.
– Eu tentei recorrer ao seguro. Mas na hora que eu fui recorrer, eu já fiquei sabendo que depois de eu ter acionado, eu não consigo renovar o Pronaf. Eu tenho que pagar, para não ficar inadimplente. Eu pagando, não consigo retirar o dinheiro de novo. Então, não tem jeito. Eu aciono o seguro e não consigo receber, porque é muito demorado. Eu não aciono o seguro e fico com o prejuízo que vai dar o café. Não tem pra onde a gente correr – relata Mazarini.
Os cafeicultores da região já avaliam a possibilidade de entrar na Justiça em uma ação conjunta para o recebimento das apólices.
– Nós estamos contestando que a fórmula que eles estão usando é uma fórmula usada para grãos, para milho, para soja, para cereais. E esta mesma fórmula está sendo aplicada ao café. E aí, ao invés de diminuir a produção, acaba aumentando. Se a produção aumenta, o produtor não tem direito de ser ressarcido pelo seguro – explica o engenheiro agrônomo, Scanavachi.
Em nota, a seguradora Aliança do Brasil afirmou que só pode se manifestar após verificação das apólices e análises das perícias realizadas. A empresa disse que as perícias seguem “os mais rigorosos padrões e normas aplicáveis ao segmento de seguros rurais”.