Cafeicultura encerra 2012 com estoques cheios e perspectivas de melhores preços

Ano foi considerado atípico para o setorPara a cafeicultura, 2012 foi um ano de safra cheia de produção e de surpresas no mercado e no clima. Entre maio e junho, quando muitos já estavam colocando café no terreiro, a chuva veio fora de época e derrubou no chão boa parte da safra, fato que gerou perdas de 20% no valor da saca por causa da perda de qualidade em muitos cafezais.

O cafeicultor Jose de Alencar Urtado é um exemplo de como o ano foi atípico para o setor. Ele produziu 6,5 mil sacas e prevê produzir apenas mil sacas no próximo ano. A chuva que derrubou o café no inicio da safra serviu de lição para mudar o cronograma das futuras colheitas.

Com a inauguração de um complexo de armazéns no sul de Minas Gerais, produtores estão trabalhando com o café a granel, reduzindo custo com mão de obra e eliminando as tradicionais sacas de 60 kg.

— Achava que era um absurdo movimentar café como se fosse um grão comum e você pode fazer isso sem perca de qualidade do café e sem perder a rastreabilidade, que é importante — afirma o produtor Antônio Carlos Martins.

No mercado internacional, os cafeicultores brasileiros passaram a poder negociar em Nova York o café cereja descascado.

— Essa ferramenta, que era um antigo sonho nosso, vem agregar valor ao café. Isso também nos equipará aos bons cafés da América Central, mas este ano, especialmente, não teve tanta diferença, porque o mercado estava lá em cima — diz o cafeicultor Mucio Cardoso.

Mucio Cardoso sabe da importância de ter alternativas para não ficar no prejuízo. Nos três últimos meses de 2011 ele vendeu 30% do café, que só colheu e entregou em agosto de 2012. Com isso, ainda pegou os últimos suspiros do mercado em alta e vendeu sacas com valores entre R$ 480,00 e R$ 500,00. Durante a colheita, vendeu mais 20% da produção e conseguiu entre R$ 380,00 e R$ 280,00. Ele ainda mantém em estoque metade do que produziu, aguardando um bom momento.

O consultor e representante da certificação UTZ no Brasil, Eduardo Sampaio alerta para a falta de avanço nas políticas de governo para a cafeicultura. O café é uma das commodities que mais sente a volatilidade dos especuladores e a cadeia produtiva como um todo vem mudando a forma de trabalhar com os estoques.

Para o presidente da Federação dos Cafeicultores da região do Cerrado Mineiro, Francisco Sergio de Assis, 2013 será marcado pelo aumento da busca por certificações. Esse procedimento passou a dar diferenciais que abrem as portas da propriedade para o mundo, de acordo com as exigências dos diferentes consumidores internacionais.

Para a próxima safra, os produtores de Minas Gerais seguem desconfiados sobre o que de fato sairá dos cafezais.

— Devemos ter uma safra de 20% a 30% abaixo da registrada este ano. A safra do ano que vem seguramente vai ser menor do que a deste ano — afirma o superintendente de Operações e Comercial da Cooperativa Guaxupé, Lúcio Dias.

— Tem muita coisa para acontecer, que tem que ser levada em consideração, com relação de florada até fruto para ser colhido — diz o cafeicultor Ademar Pereira.

— Tem muita gente falando que é colheitão. Não é não — prevê o cafeicultor Antônio Batista Filho.

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