Agricultores argentinos estão retardando a comercialização do grão no mercado
Kellen Severo
O calote técnico da dívida da Argentina ocorreu nesta quarta, dia 30, depois das tentativas, sem sucesso, de negociação com os credores internacionais. O impacto no mercado financeiro ainda é limitado. No entanto, a expectativa de alguns analistas é de que o calote favoreça uma abertura de mercado para a soja brasileira, caso os argentinos continuem a retardar a comercialização do grão no mercado agrícola.
As incertezas sobre a situação econômica da Argentina já afetam os ânimos dos sojicultores locais. Por lá, eles estão reservando o grão, que consiste em ativo valioso diante da desvalorização da moeda nacional, o peso. Por conta disso, ainda restam 30 milhões de toneladas da oleaginosa da safra 2013/14 para vender, equivalentes a 60% da safra do país. O percentual está acima da média para este período do ano.
Situação agravada
A Argentina, que já vive um momento econômico complicado, deve ter a situação agravada depois do calote técnico: a tendência é de maior desvalorização do peso e de aumento da inflação. Esse cenário enfraquece as relações comerciais com outros países. O setor automobilístico brasileiro já percebe os impactos: as exportações de automóveis para o país vizinho acumulam queda de 23,1% no primeiro semestre, e podem cair ainda mais.
Logo após a confirmação do calote argentino, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou o rating soberano do país para “default seletivo”, argumentando que a Argentina foi inadimplente em algumas de suas obrigações. Na prática, a redução da nota de um país pelas agências de classificação de risco significa que seu acesso a crédito será menor e que os juros que paga no mercado serão maiores.
Assista ao comentário de Kellen Severo no Mercado&Cia (a partir de 05:15):
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