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Câmbio e exportações estimulam vendas de soja

Déficit na armazenagem combinado com a colheita da segunda safra de milho também incentivaram a comercialização

Fonte: Embrapa/divulgação

O ritmo de comercialização da soja aumentou após a mudança no nível de câmbio no Brasil, gerado pela crise política, e a expectativa é que o Brasil exporte 61 milhões de toneladas de soja em 2017, projetou o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa. “O ritmo não mudou drasticamente, mas a comercialização avançou porque o câmbio ajudou. Os preços na bolsa de Chicago estão começando a se recuperar e a janela de compra dos insumos impõe um limite para retardamento das vendas do grão”, afirma.

Pessôa ressaltou que o déficit de infraestrutura de armazenagem combinado com a colheita de uma segunda safra de milho volumosa no Brasil também é um incentivo para que os negócios comecem a se acelerar. “A nossa expectativa é de que, de fato, os volumes de exportação de soja passem agora no meio do ano pelos seus tetos e depois vão diminuindo”, explica.

Ainda assim, muitos produtores devem abrigar o milho nos armazéns para limpeza e secagem e reter uma parte da soja em silos-bolsa. De acordo com o analista, as vendas de silos-bolsa no Brasil já somam  80 mil neste ano e a expectativa é que utilização desse produto seja recorde. “Não é uma armazenagem como um silo normal, porque você não pode deixar vários anos, mas seis meses ou até um ano não tem problema nenhum.” Se for para segurar um dos dois produtos, o agricultor deve optar pela soja, vendendo o milho, mas a retenção deve ser limitada. “Mesmo que a gente não tenha uma nova mudança significativa nos patamares de câmbio, nos níveis atuais os produtores têm outros tipos de incentivos para vender, como a necessidade de fazer caixa para a próxima safra”, disse ele.

Quanto ao milho, em Mato Grosso, a expectativa é de escoamento da safra ao longo do segundo semestre. “O que sobraria, teoricamente, é um estoque de milho maior no Sul do Brasil caso os produtores decidam não vender, mas eles vão vender porque existe margem, estão com dificuldades na armazenagem e precisam de caixa”. Segundo Pessôa, as exportações de milho brasileiras, projetadas pela Agroconsult em 33 milhões de toneladas, devem deslanchar mesmo no mês que vem. “Tem umas 15 milhões de toneladas sendo colhidas em junho, mas deve ter mais do que o dobro desse volume em julho”, ponderou.

Com as grandes safras de soja e milho no Brasil no cliclo 16/17 e o anúncio de uma taxa de juros de 6,5% ao ano para o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), Pessôa vê incentivo para maior investimento em armazenagem na safra 17/18. “Não só as tradings e as cooperativas, mas os produtores também vão buscar com mais intensidade esses investimentos nos próximos anos, até porque a área plantada vai começar a crescer em ritmo menor do que nos anos anteriores. Está todo mundo mais preocupado em melhorar o desempenho de gestão e infraestrutura dentro das fazendas do que procurando outra fazenda em outra região para começar uma unidade nova de produção”. 

A safra de soja 2016/17 do Brasil foi estimada pela Agroconsult em 115 milhões de toneladas, 20% acima do ciclo anterior. Já para o milho segunda safra, a consultoria projeta uma produção de 13 milhões de toneladas.

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