As sementes ainda nem foram plantadas, mas a comercialização dos futuros grãos de soja está a todo vapor. As incertezas com o câmbio e o preço no mercado internacional estão impulsionando as vendas antecipadas, que já teve pelo menos 16% da próxima safra comercializada.
Para o produtor Eidy Sasahara, que negocia soja de outros agricultores da região de Bragança Paulista, interior de São Paulo, há motivos para otimismo. A cinco meses do início do plantio, ele já vendeu mais da metade da safra 2016/2017. “Em relação ao ano passado, nesta mesma época do ano não tinha sido comercializado nada ainda”, falou.
“A soja esse ano foi travada aqui com a gente a R$ 86 a saca. Pra retirar aqui, essa soja vai para porto de Santos, mas ela é livre de frete. Na mesma época do ano passado os contratos foram fechados de R$ 65 a R$ 72, então também teve um ganho de preço”, completou Eidy.
A alta do preço da soja na bolsa de Chicago tem fundamento na demanda mundial elevada e em uma nova estimativa de queda dos estoques mundiais. Como o Brasil é o maior produtor de soja do mundo, diferentes mercados voltam os olhos para a safra 2016/2017, principalmente a China.
“Esse ano, até agora, a gente já exportou bastante para a China, que continua sendo o nosso principal importador. Isso reflete uma expectativa negativa do mundo com relação à próxima safra”, avaliou a analista de Tendências e Consultoria Integrada Marcela Mello.
De acordo com a especialista, na semana passada o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos mostrou estimativa de uma nova queda nos estoques globais, equivalente a 8%, o que fez o mundo voltar os olhos para o Brasil. “O produtor tem aproveitado esse momento de alta de alta na bolsa de Chicago pra começar a fechar contratos para a próxima safra”, completa.
Até a metade de maio as vendas antecipadas da safra de soja 2016/2017 alcançaram 16,4% do volume esperado e o valor está muito acima da média histórica para o período. Só o centro-oeste do Brasil comercializou 21,2% da safra. Neste mesmo período no ano passado, as vendas eram de um pouco mais de 1%.
Mesmo com preços estáveis nos próximos meses, a dica dos especialistas aos produtores é ficar atento às movimentações do mercado.