O mercado internacional de carnes vai ser cada vez mais suprido pelos EUA, onde o dólar e a economia andam fracos. Enquanto isso, o real deve continuar forte no Brasil – um dos maiores produtores de carnes do mundo – encarecendo o produto nacional. Esse fator, mais as mudanças que estão ocorrendo na economia mundial, já aumentaram o preço das exportações brasileiras de frango para o Oriente Médio, o que está ajudando os produtores norte-americanos a ganhar mercado naquela região, afirmou Batista em entrevista à agência Dow Jones.
Segundo ele, há apenas seis meses, o Brasil exportava frango para o Oriente Médio por cerca de US$ 1,2 mil por tonelada. Mas, por causa do câmbio, o preço saltou para quase US$ 2,2 mil por tonelada, praticamente o mesmo valor que os exportadores dos EUA cobram pelo produto.
Nos últimos anos, os exportadores brasileiros conseguiram elevar os preços de venda, mas agora esses valores alcançaram níveis em que o produto dos EUA – historicamente mais caro – tornou-se alternativa. Alguns importadores estão trocando a carne brasileira pela norte-americana, disse Batista.
Efeito multinacional
O JBS, que na última década cresceu no Brasil e nos EUA com grandes aquisições, está em posição de tirar proveito de sua base norte-americana graças à desvalorização do dólar. Segundo Batista, há quatro anos, quando o JBS comprou a Swift & Co., seu primeiro negócio nos EUA, apenas 15% da produção do grupo no país era exportada. Hoje, essa fatia é de mais de 25%, uma elevação que ele atribuiu em grande parte ao câmbio favorável. Em 2009, o grupo adquiriu a Pilgrim’s Pride. No Brasil, a fatia exportada caiu de 50% há cinco anos para 35% hoje, por causa da elevação do consumo interno.
Uma das maiores rivais do JBS no mundo, a norte-americana Tyson Foods Inc., também tem verificado a mesma tendência.
? Estamos exportando 19% de nossa produção de frango nos EUA, ante 15% a 13% nos anos anteriores ? afirmou o diretor de operações da companhia, James Lochner.
No lado da demanda, Batista e outros integrantes do setor veem um crescimento ininterrupto na esteira do desenvolvimento dos mercados emergentes.
? Mesmo um pequeno crescimento econômico em países como os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) significa mais pessoas comprando carne ? comentou Batista, que não crê em mudanças nesse cenário.
Para ele, não há aumento de produção de carne bovina “na hora em que quiser”, comparando seu negócio com a produção de grãos, que pode responder muito mais rápido a choques de demanda.
? O ciclo da carne bovina leva três a cinco anos ? afirmou. As informações são da Dow Jones.