Com a capacidade dos reservatórios em níveis críticos, discutir novas fontes de energia não é mais uma opção. É o caso da biomassa de cana-de-açúcar, que representa 19% da energia consumida no mercado brasileiro. Segundo o balanço energético nacional deste ano, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a cana é a principal fonte de energia renovável do país.
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“Das 400 usinas que existem no Brasil, cerca de 55% produzem energia de biomassa. As outras 45% produzem para o seu processo produtivo, então temos um potencial de fazer com que essas usinas que não colocam energia na rede sejam inseridas para acelerar a matriz de energia e deixar ela ainda mais diversificada”, diz Roberto Rossi, diretor de negócios da Cooperativa dos Plantadores de Cana de São Paulo (Coplacana).
De acordo com Rossi, para que todo o potencial da bioeletricidade de cana seja explorado é necessário um plano amplo e bem estruturado. “Esse é um problema que não é exclusivo de nenhum governo e persiste por várias décadas. Precisamos de uma agenda estruturada para falar de bioelectricidade, pois infelizmente a gente só lembra de diversificar a matriz energética quando os reservatórios estão em baixa ou quando temos problemas com as hidrelétricas”, pontua.
Um dado relevante apresentado pelo diretor da Coplacana ajuda a destacar a importância do investimento em energia limpa. No ano passado, o setor de biomassa evitou a emissão de 6,3 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Isso equivale a atividade de 45 milhões de árvores por 20 anos. “Já fazemos um trabalho sustentável, interessante, mas ele tem espaço para até quadruplicar de tamanho, se tiver uma agenda estruturada e mais incentivos”, complementa.