Um gene comum em ervas daninhas japonesas foi isolado e é inserido em uma variedade comercial de cana-de-açúcar cultivada nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. Além de receber nutrientes, as plantas transgênicas são colocadas num refrigerador especial e envolvidas em plástico para garantir a umidade e a luminosidade ideais.
As primeiras mudas de cana transgênica têm como principal característica a tolerância à seca. Problema que chega a provocar até 50% de perdas nos canaviais. O próximo passo será a reprodução das mudas em estufas. No ano que vem começa o cultivo em canteiros experimentais, por no mínimo três anos. A liberação comercial, que ainda vai demorar, é vista como uma oportunidade de reduzir os prejuízos nas lavouras.
? Se você tem perdas de 10% até 50%, se com essas variedades modificadas você conseguir minimizar 5%,10%, 20% da perda que ela teria, isso é um ganho fantástico para o setor ? explica o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Hugo Molinari.
Em parceria com a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro, a Embrapa também pretende desenvolver uma planta tolerante ao frio.
? Na região Sul, a Embrapa tem um projeto em parceria com a Ridesa, a Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS), onde a questão da geada, no início do desenvolvimento da cultura é uma questão importante, assim como a questão dos períodos de seca que também são muito importantes para a região ? relata Molinari.
Além de garantir a expansão do cultivo, as variedades transgênicas podem servir para ampliar a produção de etanol.
? A condição de competição do álcool com a gasolina seria melhorada por conta de uma menor parcela de custo de transporte. Assim mais proprietários de veículos flex poderiam optar pelo álcool, que é muito bom gerando empregos e renda em outros locais ? observa o consultor em energia, Francisco Sousa.