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Açúcar atinge maior valor do ano favorecido pelo dólar

Aumento de exportações de açúcar e da demanda por etanol estimula recuperação do setor sucroenergético

Fonte: Zineb Benchekchou/Embrapa

O preço do açúcar no mercado interno atingiu o maior valor do ano com alta de 11%. O levantamento é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), referente ao acumulado de setembro em relação ao fechamento de agosto. A valorização se deve ao aumento das exportações e também à maior produção de etanol. Para o setor sucroenergético, este é um momento de recuperação da crise vivida nos últimos anos.

Nesta semana, o preço do açúcar cristal em São Paulo está na casa dos R$ 52 a saca de 50 Kg, de acordo com levantamento do Cepea. A valorização do dólar tem compensado a queda do preço do açúcar no mercado internacional e deixado o produto brasileiro mais competitivo, o que vem estimulando as exportações.

– Como o Brasil tem uma participação relevante no mercado internacional, num primeiro momento, o preço do açúcar em dólar cai. De qualquer forma, nós estamos vendo uma valorização este ano em reais por tonelada de açúcar em torno de 10% em relação ao ano passado. O que é uma boa notícia, um bom indício – diz Jacyr Costa Filho, diretor do Grupo Tereos.

Outro fator é que o Brasil vem aumentando a produção de etanol. Para a safra 2015/2016, quase 60% da produção nacional deve ser destinada à fabricação do biocombustível.

– Enquanto o mercado mundial de açúcar continuar superavitário, o Brasil vai ter como opção, sem dúvida alguma, o etanol. Pelo quinto ano consecutivo, nós reduzimos a produção de açúcar, reduzimos a exportação, e a safra 2015/2016 se desenha aí com uma redução de até dois milhões de toneladas de açúcar em relação ao ano anterior – calcula Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica.

A demanda pelo etanol também vem aumentando e o setor já pensa em aumento de preço do combustível na entressafra da região Centro-Sul, que acontece entre o final deste ano e o início do ano que vem.

– Exatamente pela forte venda que já realizamos no mercado interno, pela provável quantidade de cana bisada que nós vamos manter no campo e as condições climáticas não vão permitir. Então, nós vamos ter que frear uma boa parte da demanda que está existindo hoje através do preço – afirma o CEO da SCA Corretora, Martinho Ono.

Nos últimos cinco anos, aproximadamente 80 usinas fecharam no país. Mas durante a Conferência Internacional Datagro sobre açúcar e etanol, em São Paulo, os participantes estimaram a recuperação do setor sucroenergético, puxada pela menor oferta mundial de açúcar. 

– Os demais países, onde não houve uma desvalorização tão grande da moeda, esses preços se tornaram insuportáveis, são preços em que ele [o etanol] não é competitivo. Então, há uma tendência, no médio prazo, de uma redução de produção. Reduzindo produção, reduzindo a oferta, o preço volta a subir. Aí nós vamos capturar o ganho da mercadoria, independente do câmbio – projeta Tarcilo Rodrigues, diretor executivo da Bioagência.

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