A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) avaliou como positiva a abertura de painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios ao setor de açúcar na Índia. A ação está sendo feita em parceria com o governo da Austrália. Segundo a entidade, somente nesta última safra, a política indiana foi responsável por um prejuízo de mais de US$ 1,2 bilhão aos produtores brasileiros de açúcar.
“Estamos seguros de que as atuais práticas indianas violam as regras de comércio e que o desfecho de uma painel será favorável para o Brasil. Mas temos esperança de que esse anúncio permita uma reavaliação do regime açucareiro por parte do governo daquele país e que possa considerar formas menos distorcivas de apoio ao setor, como a diversificação do uso da cana”, avaliou o diretor executivo da Unica, Eduardo Leão.
O executivo afirma ainda que um bom exemplo dessa diversificação é o programa de etanol brasileiro, que oferece ao produtor de açúcar local uma interessante alternativa ao seu negócio, reduzindo o seu risco com base nas condições de mercado de ambos os produtos.
“Em função desse programa, o Brasil deixou de produzir quase 10 milhões de toneladas de açúcar na atual safra, priorizando o biocombustível e evitando um colapso ainda maior no mercado internacional de açúcar”, disse.
Entenda o caso
A política indiana para o açúcar tem sido motivo de grande preocupação para todos os países produtores e exportadores de açúcar. Em meados de 2018, a Índia anunciou novo pacote de medidas de apoio aos produtores locais e subsídios às exportações para até 5 milhões de toneladas de açúcar, o que ampliou ainda mais a queda dos preços internacionais do produto.
Segundo a entidade, em 2018, o açúcar teve as menores cotações dos últimos 10 anos, com uma queda de quase no preço de 30% ao longo do último ano.
A Unica destacou ainda que os subsídios domésticos da Índia em volumes muito acima daqueles permitidos pelas regras e os subsídios à exportação tem gerado grande efeito de distorção no comércio internacional.
Brasil recorre à OMC por causa de subsídio da Índia ao açúcar