A diferença entre o consumo de etanol hidratado e de seu concorrente direto, a gasolina C, no Brasil caiu para o menor nível desde 2011. De janeiro a maio deste ano, a demanda acumulada pelo biocombustível foi de 6,89 bilhões de litros, 10,18 bilhões de litros menos na comparação com a do derivado de petróleo.
Em 2014, a diferença a favor da gasolina C foi de 12,99 bilhões de litros nesses meses. Já em igual período de 2011, o uso do combustível fóssil superou o do álcool em 9,63 bilhões de litros.
Os dados, obtidos com exclusividade pela Agência Estado, são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e foram apresentados na semana passada durante a Mesa Tripartite.
O encontro, organizado pelo Ministério de Minas e Energia, ocorreu em Brasília e reuniu integrantes do governo, das distribuidoras e da cadeia produtiva de açúcar e álcool.
Para o diretor da comercializadora Bioagência, Tarcilo Rodrigues, o ganho de mercado do etanol é resultado direto da reintrodução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) na gasolina, que ficou mais cara.
– As forças de mercado foram mais fortes, e o consumidor está com menos dinheiro no bolso – comentou.
Até agora em 2015, o preço da gasolina subiu 9,3% na média Brasil, ao passo que o do etanol se valorizou apenas 2,9%, segundo a ANP.
Ainda de acordo com as informações da agência, 2014 foi quando o consumo de gasolina C no país mais superou o de hidratado, com aproximadamente 2,60 bilhões de litros a mais por mês. Em 2009, por sua vez, a diferença mensal do biocombustível para o derivado de petróleo ficou em torno de 500 milhões de litros, a menor já registrada. Naquele ano, a participação do álcool na frota flex chegava a 70%.
Exportação
O relatório mostra, ainda, que a aquecida demanda interna por etanol tem reduzido os embarques do produto ao exterior. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) compilados pela ANP, nos cinco primeiros meses de 2015 foram exportados 447 milhões de litros de hidratado e anidro. Esse é o menor volume desde 2011, quando em igual período as vendas ficaram em 396 milhões de litros.
De lá pra cá, o pico de embarques foi observado em 2013, com 878 milhões de litros entre janeiro e maio. Ainda assim, permanece abaixo dos 1,54 bilhão de litros registrados nesses mesmos meses em 2008, ano em que as exportações totais superaram 5 bilhões de litros.