As chuvas no Centro-Sul do Brasil entre outubro e dezembro de 2021 superaram a normalidade em pouco mais de 30%, afirmou a analista da StoneX Rafaela Souza em evento trimestral da consultoria com perspectivas para commodities nesta quarta-feira (19). “Devemos ter chuvas com normalidade até março, com destaque para São Paulo, principal estado produtor de cana-de-açúcar”, disse ela.
As precipitações são positivas para a produção de cana-de-açúcar na região, especialmente após quebra da temporada anterior em razão de seca e geadas. A consultoria manteve a projeção de moagem do Centro-Sul na temporada 2022/23, que começa em abril, em 563,5 milhões de toneladas, 7,3% a mais do que no atual ciclo. Já a produção de açúcar deve avançar 7,2%, a 34,5 milhões de toneladas; e a de etanol, 7,1%, a 29,7 bilhões de litros (incluindo milho).
A produtividade agrícola tende a subir 7,3%, a 73,5 toneladas/hectare, mas a qualidade da cana, medida pelo índice de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), deve cair 1,2%, a 140,7 kg/tonelada. A expectativa para o mix é de safra um pouco mais açucareira, com o percentual da cana destinada à produção do adoçante subindo de 45% para 45,5%; para o etanol, a expectativa é de recuo de 55% para 54,5%. A consultoria projeta que no ano que vem a participação do biocombustível hidratado no consumo do Ciclo Otto deve subir de 25% para 29%.
Cana no Norte/Nordeste e no mundo
Na região Norte/Nordeste, o clima também é majoritariamente favorável, e a consultoria projeta que a moagem na temporada 2021/22 suba 3% frente à anterior, para 53,6 milhões de toneladas; com produção de açúcar em 3 milhões de toneladas (-0,4%) e de etanol, em 2,1 bilhões de litros (-0,6%).
Sobre a produção global, a Índia vem avançando. “O país tem potencial de exportar seis milhões de toneladas”, diz Souza. “Desse total, quatro milhões já estão contratados, mas a continuidade vai depender do preço, porque hoje os futuros em Nova York operam abaixo da paridade de exportação.”
Na Tailândia e na União Europeia, a consultoria aponta recuperação de safra. Mesmo assim, a dinâmica brasileira de produção mais baixa deve pesar sobre os preços na temporada global 2021/22 (outubro a setembro).
“Esperamos que o ciclo corrente global se encerre com déficit de 1,9 milhão de toneladas, o que deve sustentar preços”, diz a analista