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Cana

Cana: sistema permite antecipar em 4 anos adoção de nova variedade

Segundo o IAC, que desenvolveu a técnica, além de acelerar ganhos de produtividade gerados pela troca de cultivares, ela dá mais autonomia ao produtor

cana-de-açúcar
Foto: Paulo Lanzetta

O produtor de cana-de-açúcar pode antecipar em quatro anos a adoção de uma nova variedade graças ao sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB), desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, associado ao sistema de meiosi (veja abaixo a definição). Com isso, a produtividade do canavial aumenta 20% em relação à variedade antiga.

Segundo a pasta, além de ampliar a produtividade, as variedades novas, normalmente, têm maiores taxas de multiplicação, o que dilui o custo da muda. Esses novos materiais promovem outros ganhos, decorrentes da combinação entre MPB e meiosi. “Por exemplo, o canavicultor pode se limitar a comprar mudas pré-brotadas para plantar apenas cerca de 8% da área de seu canavial. Esses 8% de área irão produzir, em seis meses, as mudas suficientes para instalar o canavial total”, informa.

Segundo o pesquisador do IAC, Marcos Landell, quando o canavicultor não dispunha dessas tecnologias, ele se via obrigado a comprar as mudas das usinas, que têm realidades diferentes e, portanto, muitas vezes, fazem escolhas distintas daquelas que melhor atendem ao produtor de cana.

A associação MPB + meiosi possibilita aumentar em cerca de 700 vezes a taxa de multiplicação de uma nova variedade de cana-de-açúcar, em um período de mais ou menos nove meses. “Isso é uma taxa de multiplicação fabulosa”, diz Landell, ao lembrar que, no passado, quando predominava o plantio manual, a taxa era de um para dez, isto é, com um hectare de material biológico eram feitos dez hectares de plantio. “Com o advento da mecanização, esse desempenho tornou-se mais crítico, passando a ser de um para quatro, ou seja, para realizar o plantio de quatro hectares passou a ser necessário um hectare de viveiro de mudas”, comenta.

Conforme o especialista, o sistema MPB, por si só, aumenta a taxa de multiplicação da cana. Com dez mil MPBs, é possível plantar um hectare de cana. “Existem variedades na atualidade, que possuem até 20 mil gemas em uma tonelada de colmos, possibilitando a produção de mais de 15 mil MPBs. Teoricamente, o que se gasta em plantio mecânico é perto de 13-14 toneladas por hectare. Hoje, com uma tonelada, isto é, 13 vezes menos, consegue-se produzir MPB para plantar o mesmo hectare”, explica.

O que é meiosi?

A meiosi é o método intercalar de plantio, em que se planta uma linha de cana e deixa um espaço para até 15 linhas, que serão plantadas dentro dos próximos seis meses. Esses novos plantios serão feitos no espaço intercalado, a partir de mudas geradas pelas primeiras linhas instaladas. O método foi desenvolvido pelo pesquisador José Emílio Barcelos, durante doutorado realizado na Unesp Jaboticabal, no meio da década de 1980.

Popularizando o MPB

Depois de lançar o sistema MPB, a equipe do Programa Cana IAC também começou a ministrar treinamentos sobre esse tema. Cerca de 800 pessoas já foram capacitadas. Algumas dessas começaram a fazer mudas pré-brotadas em sua propriedade e, assim, quebraram um ciclo de muito tempo, que era caracterizado pela dependência do produtor em relação à usina produtora de muda. “Porém, a muda que a usina produz é dentro das convicções e das condições dela; o produtor, por ter área menor, pode fazer um manejo mais cuidadoso”, diz Landell.

A partir do momento que o canavicultor passou a fazer sua própria muda, ele começou a procurar novas variedades do IAC, do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa). Esses novos materiais passaram a ser instalados através do sistema MPB + meiosi e seus canaviais deram um salto de produtividade.

“Nos cursos de MPB realizados pelo IAC são ensinados também o conceito de terceiro eixo, enfatiza-se aspectos de nutrição e proteção de plantas, identificação de pragas”, diz Landell, ao explicar que esse contexto ofereceu ao produtor informações que asseguraram uma oportunidade de produtividade muito maior do que no método convencional.

O líder do Programa Cana IAC menciona o exemplo do produtor Renato Trevizoli, que obtinha cerca de 90 toneladas, na média de cinco cortes e, em 2019, ele alcançou 122 toneladas, na média. “Isso é muito significativo e este ano ele deve aumentar um pouco mais”, acredita Landell.

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