Usinas e destilarias no Centro-Sul do Brasil processaram 213 mil toneladas de cana-de-açúcar na primeira quinzena de janeiro, alta de 66,6% em comparação com igual período de 2020, quando foram moídos 128 mil toneladas. Os dados fazem parte do levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), divulgado nesta quarta-feira, 27.
A safra na região já está praticamente terminada, e a produção até o início da próxima temporada deve ser principalmente de etanol de milho. De acordo com a Unica, são poucas empresas ainda em operação na região: três unidades processadoras de cana, cinco unidades exclusivas de milho e outras duas que trabalham com ambos produtos.
Sobre o início dos trabalhos para a próxima safra, o diretor Técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, afirma em nota: “Estamos avaliando a programação de início de moagem das unidades produtoras. A nossa percepção é de que teremos um menor número de unidades em operação em março, com início mais concentrado no mês de abril”.
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Mais açúcar ou etanol?
O mix sucroenergético na quinzena ficou em 67,91% para o etanol e 32,09% para o açúcar. A fabricação do adoçante foi de 8 mil toneladas nos primeiros 15 dias do mês, 77,21% a mais do que no mesmo período de 2020.
A produção de etanol, por sua vez, alcançou 125 milhões de litros na primeira quinzena de janeiro, 30,50% a mais do que os 96 milhões de litros de igual período do ciclo 2019/20. Desse volume, porém, 115,1 milhões de litros foram de etanol de milho.
Do total de biocombustível produzido, o hidratado, utilizado diretamente no abastecimento dos veículos, representou 92 milhões de litros, enquanto o etanol anidro, adicionado à gasolina, somou 33 milhões de litros. O volume do anidro representa um avanço de 22,92% na comparação anual; já o hidratado apresenta ganho de 33,47%.
A qualidade da matéria-prima processada na primeira quinzena de janeiro, medida a partir da concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), atingiu 116,53 kg por tonelada na última quinzena de 2020 ante 142,48 kg verificados em igual quinzena da safra passada, queda de 18,21%.
Acumulado da safra de cana
A moagem de cana no acumulado da safra 2020/2021 atingiu 597,590 milhões de toneladas, aumento de 3,17% sobre os 579,214 milhões de toneladas de igual período do ciclo 2019/2020. No acumulado do ciclo 2020/2021, a safra alcançou 145,16 quilos de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, 4,29% superior ao valor apurado no último ciclo agrícola.
Desde o início da safra 2020/2021 até 16 de janeiro, 46,21% da matéria-prima foi destinada à fabricação de açúcar, ante 34,48% em igual período de 2019. Assim, a produção acumulada de açúcar soma 38,193 milhões de toneladas, montante 44,19% superior aos 26,488 milhões de toneladas produzidas um ano antes.
Já o volume de etanol produzido no acumulado da safra 2020/2021 totalizou 29,421 bilhões de litros, 8,75% inferior ao assinalado na última safra, com o etanol anidro recuando 2,63% e o hidratado, 11,46%.
O mix desta temporada tem sido mais açucareiro porque as usinas aproveitam os bons preços do adoçante em reais – causados pela quebra de safra de outros produtores importantes, pela desvalorização do real ante o dólar e pela indefinição com o subsídio para exportações da Índia – e porque a pandemia da covid-19 reduziu a demanda por combustíveis no país durante alguns meses do ano passado.
O etanol de milho tem produção acumulada de 1,98 bilhão de litros desde o início do ciclo agrícola, o que representa 6,7% do total do biocombustível produzido e é um avanço de 72,92% em relação ao mesmo período da temporada anterior.