A chuva das últimas semanas atrasou a colheita da cana-de-açúcar no interior de São Paulo. O excesso de umidade também pode reduzir a quantidade do açúcar total recuperado (ATR), dos canaviais e prejudicar a rentabilidade da cultura.
No setor sucroalcooleiro, o valor pago aos produtores leva em conta o ATR, e quanto menor for a quantidade, mais baixa vai ser a rentabilidade.
– Os três meses de pico de ATR são junho, julho e agosto. Neles nós encontramos maiores índices na cana. Quando essa chuva se antecipa um pouco, como foi esse ano, acaba prejudicando tanto a colheita como a maturação da cana, que volta a vegetar, perdendo assim um pouco de qualidade do produto na indústria – explica o engenheiro agrônomo, Pedro Carvalho Wiezel.
Em 2014, o produtor José Eduardo de Mello recebeu R$ 53 por tonelada de cana. Este ano, ele acredita que este valor pode reduzir em 10%. Já o custo de produção nesta safra teve aumento de 20% em relação ao ciclo anterior.
– A gente trabalha com um futuro incerto. A única coisa certa é que o etanol vai continuar sendo consumido pelas pessoas e nós não temos uma definição do que vai ser o próximo ano, esta cada vez mais difícil tocar o setor – lamenta o produtor.
Entre os itens que mais subiram estão os fertilizantes, sustentados pela alta do dólar. O custo de produção com os tratos culturais nas lavouras chega a R$ 1.500 por hectare.
– Atualmente procuramos técnicas diferentes, como adubo orgânico, para suprir a necessidade de nutrientes da planta. Nessa situação a gente tenta manter a produção com o custo mais baixo. Partimos para uma técnica de meiose no plantio do canavial para reduzir mão de obra e melhorar a qualidade da muda que nós estamos plantando – conclui o agrônomo.