As chuvas acima da média para esta época do ano no Centro-Sul do Brasil, em especial em São Paulo, devem ter efeitos positivos para a temporada 2016/17 de cana-de-açúcar, apesar dos dias de moagem paralisada – em algumas áreas do Estado chegou a chover 200% mais. De acordo com Luiz Carlos Corrêa Carvalho, sócio-diretor da consultoria Canaplan, as precipitações de agora “quebram os temores quanto ao La Niña e dão esperança ao último terço da safra”, disse.
Ao contrário do El Niño, o La Niña é caracterizado pelo esfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico e reduz a umidade no Sul e no Sudeste do Brasil. A expectativa é de que o fenômeno climático se manifeste no segundo semestre. Dessa forma, as precipitações de agora devem evitar que os canaviais a serem colhidos mais tardiamente passem por um estresse hídrico muito forte, explicou Corrêa Carvalho.
Ainda de acordo com o sócio-diretor da Canaplan, os dias de moagem paralisada agora “são descontados do início antecipado da safra”. Como o ano passado também foi marcado muitas chuvas, sobrou mais cana para ser processada em 2016 e as usinas preferiram começar os trabalhos mais cedo para dar conta dessa quantidade. Nos três primeiros meses do ano, antes do início oficial do ciclo 2016/17, por exemplo, foram moídas 26 milhões de toneladas de cana, ante apenas 3 milhões em igual momento de 2015, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
Para ele, que também é presidente da Associação Brasileira doa Agronegócio (Abag), a alta das cotações do açúcar na Bolsa de Nova York, “um movimento especulativo”, está mais relacionada aos problemas com o embarque do alimento pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Levantamento da agência marítima Williams Brazil mostrou que, até 1º de junho, a fila de navios nos portos do País alcançava 47 embarcações, ante 29 em período similar do ano passado. “A tendência é que as chuvas terminem até o fim de semana e tenhamos um período mais seco e frio”, comentou. Só em junho, os preços da commodity já avançaram 10%.
Por ora, Corrêa Carvalho mantém as projeções feitas pela Canaplan em abril para a safra 2016/17, de moagem 6% menor, para 580 milhões de toneladas. A produção de etanol deve ser de 24,9 bilhões de litros (-11,76%) e a de açúcar, de 34,7 milhões de toneladas (+11,15%). O mix de destino da matéria-prima será de 46% para o açúcar e 54% para o etanol, segundo a Canaplan.