As chuvas atrapalharam a colheita da cana-de-açúcar nos últimos meses do ano. Em São Paulo, cerca de 20% da área plantada ainda não foi colhida na região de Piracicaba. Com este atraso, o plantio da nova safra também foi afetado.
O produtor Gilmar Soave foi um dos afetados pelo clima. Na lavoura, choveu tanto no mês de novembro que ele deixou de colher três mil toneladas de cana. Isso não permitiu que os trabalhos terminassem no tempo estipulado pelas usinas.
“A chuva começou no mês de setembro e ficou constante. Se dá uma chuva, só depois de dois dias dá para entrar na lavoura. Como chovia em um dia e parava no outro, a gente só conseguiu trabalhar 20 dias em três meses”, lamenta Soave.
Na macrorregião de Piracicaba, que compreende 75 municípios de cana, a expectativa era colher 38 milhões de toneladas em novembro. Só que a chuva permitiu retirar apenas 30 milhões de toneladas. Quase 20% do que foi plantado em 2015 só vai ser colhido em março de 2016. O motivo é que as usinas de moagem reservaram os três primeiros meses do ano para a manutenção dos equipamentos.
Esta situação fez muitos produtores anteciparem as férias dos funcionários. “A maioria das usinas, a partir de março, vai usar uma cana bisada, que tem um rendimento menor. Não se perde tudo, alguma coisa vai dar para aproveitar. Mas o produtor perde receita”, explica o presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (Afocapi), José Coral.
Apesar do cenário ruim, os agricultores esperam que o ano de 2016 seja melhor. Em 2015, 50% da safra de cana no Brasil foi destinada para a produção de açúcar, a outra metade foi transformada em etanol. Mesmo com a baixa do preço internacional do petróleo, o setor aguar o próximo ano de forma otimista, principalmente com relação à remuneração do agricultor.
A expectativa é preços mais altos e com melhor desenvolvimento das lavouras. “Para a próxima safra, nós temos a esperança de preços melhores. A safra deve ser boa e com preços bons”, projeta Coral.