Em Minas Gerais o consumo de etanol triplicou este ano. O aumento no preço do combustível anima os produtores de cana e a expectativa é que o setor sucroenergético movimente R$ 8 bilhões no estado em 2015. Um bilhão a mais em relação ao ano passado.
Entre 2010 e 2014, o setor sucroenergético viveu uma das piores crises da história. Em Minas, oito usinas encerraram as atividades, mais de 17 mil pessoas foram demitidas e a dívida chegou a 120% do faturamento anual do setor. Em 2015, o cenário tem sido diferente. O reajuste no preço da gasolina aqueceu a demanda no mercado interno e o consumo de etanol no estado deve ser de 1,9 bilhão de litros.
“A expectativa foi superada principalmente pela primeira parte da nossa safra, de abril até agosto, em que o produtor foi obrigado a vender o produto por um valor muito baixo e isso refletiu em uma relação muito próxima de 60% na bomba. O consumidor dentro do contexto econômico no país ele optou pelo combustível mais barato”, explica o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais, Mário Campos.
Agora em novembro, o etanol hidratado no estado tem sido comercializado a R$ 1,70 pelas usinas. O valor é 30% maior em relação ao mesmo período de 2014. De acordo com o presidente das Indústrias Sucroenergéticas de Minas, o reajuste é necessário para cobrir os custos de produção da cadeia produtiva do setor.
“Esse novo nível de preço reflete a realidade de produzir etanol no Brasil, não só o custo de produção, mas toda essa dívida e esse prejuízo acumulado ao longo dos anos para a produção de etanol e gasolina no país. Esse novo nível de preço tende a recuperar o setor produtor”, reforça Campos.
A alta nos preços já reflete em outros setores da cadeia produtiva. A Associação dos Fornecedores de Cana de Campo Florido, cidade próxima à região do Triângulo Mineiro, acredita que até o fechamento da safra 2015/2016, os produtores devem receber de 5% a 8% a mais pela tonelada de cana, em comparação com a temporada anterior.
“A gente deve conseguir de quatro a cinco centavos acima do preço que nós tivemos na safra passada. Os centavos do ATR – Açúcar Total Recuperável – é o que forma o preço da tonelada de cana, então cada centavo é muito significativo. Em uma tonelada de cana pode representar um aumento de R$ 10 a R$ 12 por tonelada”, calcula o coordenador agrícola da Canacampo, Rodrigo Piau.
As boas notícias animaram o produtor Airton Alves, que na próxima safra espera plantar 250 hectares a mais de cana.
“A esperança é que de agora para frente, até o nosso fechamento, que será em março, a gente acredita que vamos receber em torno de 5% a 6% a mais”, projeta Alves.