O presidente da Copersucar, Paulo Roberto de Souza, projetou nesta segunda-feira, 5, que a safra global 2017/18, que se inicia em outubro, pode não registrar um superávit na oferta de açúcar em virtude da acentuada queda nas cotações da commodity na bolsa de Nova York. Em conversa com jornalistas antes de evento para apresentação do RenovaBio a lideranças empresariais, em São Paulo, o executivo informou que, anteriormente, havia uma expectativa de superávit de 2 milhões a 3 milhões de toneladas.
“Projetávamos isso com preços entre 18 centavos e 20 centavos de dólar por libra-peso, não a 14 centavos de dólar, como atualmente. Esse superávit não deve se materializar”, avaliou. Para a temporada vigente, que se encerra em 30 de setembro, a previsão da Copersucar é de déficit de 2 milhões de toneladas do produto.
Souza também comentou as estimativas da companhia para o ciclo 2017/18 no Centro-Sul do Brasil, principal região produtora de cana-de-açúcar do mundo. A moagem na safra deve alcançar 595 milhões de toneladas, abaixo dos 607 milhões de toneladas registrados em 2016/17.
A produção de açúcar, por sua vez, está estimada em 35,5 milhões de toneladas, enquanto a de etanol, em 24,5 bilhões de litros. Esse volume, explicou, já leva em consideração um acréscimo de 300 milhões de litros resultante da baixa nos preços do açúcar. Com os valores do alimento em queda, as usinas, principalmente aquelas mais distantes dos portos, preferem produzir o biocombustível. A revisão ocorreu nas duas últimas semanas, disse o presidente da Copersucar. “O produtor de açúcar não estava esperando uma correção tão forte nos preços”.
Ele comentou que “Goiás foi o primeiro estado em que fazer etanol tornou-se mais vantajoso que o açúcar” após o recuo nas cotações futuras na bolsa de Nova York. “Na última semana, em São Paulo, tornou-se indiferente fazer açúcar ou etanol”, acrescentou.
Ainda segundo Souza, as usinas do Centro-Sul fixaram em torno de 60% dos preços do açúcar para exportação na safra 2017/18. A recente alta do dólar, em virtude da crise política envolvendo o governo de Michel Temer, fez com que as indústrias “fixassem um pouquinho mais, mas nada relevante”, disse o executivo.
Sobre exportações, Souza prevê que o Centro-Sul embarque ao exterior 1 bilhão de litros de etanol neste ciclo. Já o Norte-Nordeste tende a importar 1,2 bilhão de litros, concluiu.