A Datagro reduziu ligeiramente nesta quinta-feira, dia 7, sua projeção para a safra 2015/2016 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, de 605,9 milhões para 605 milhões de toneladas, com nível de sacarose (ATR) de 131,2 kg por tonelada de matéria-prima moída. Esse volume supera o de 573 milhões de toneladas de 2014/2015. Os dados foram apresentados pelo presidente da consultoria, Plinio Nastari, durante teleconferência com jornalistas.
Com relação aos produtos, a Datagro reduziu de 31,89 milhões para 30,7 milhões a fabricação de açúcar na temporada, que se encerra oficialmente em 31 de março. Quanto ao etanol, a produção foi revisada de 28,04 bilhões para 27,79 bilhões de litros, sendo 10,43 bilhões de litros de anidro e 17,36 bilhões de litros de hidratado.
As projeções levam em consideração um mix de 59,4% da oferta de cana para etanol e 40,6% para açúcar. A estimativa anterior, de outubro, era de 58,8% e 41,2%, respectivamente. Até 31 de dezembro, haviam sido perdidos 49,5 dias de moagem por causa das chuvas ao longo da safra 2015/2016, superando os 41,7 dias de igual data em 2014/2015.
Ainda de acordo com a Datagro, a moagem pelas usinas e destilarias do Centro-Sul entre janeiro e março, período de entressafra, deve ser de 8,73 milhões de toneladas em janeiro, 3,08 milhões de toneladas em fevereiro e 1,94 milhão de toneladas em março.
Norte/Nordeste
Para a região Norte/Nordeste, a Datagro manteve a previsão de safra em 52 milhões de toneladas, com ATR de 128 kg por tonelada de cana. “Essas 52 milhões de toneladas podem ser eventualmente menores por causa das adversidades climáticas”, destacou Nastari em referência à forte seca que atingiu as plantações.
A produção de açúcar e etanol também não sofreu alterações e continua em 3,11 milhões de toneladas e 1,98 bilhão de litros, respectivamente, conforme a consultoria.
Açúcar
A Datagro também elevou sua previsão de déficit na safra global 2015/16, iniciada em outubro, de 2,57 milhões para 3,87 milhões de toneladas, encerrando cinco temporadas consecutivas de superávit. Nastari afirmou que a relação entre estoques e consumo ainda deve permanecer acima de 41% neste ano.
Conforme a Datagro, a safra 2015/2016 de cana na Índia deverá ser de 26,8 milhões de toneladas, com consumo de 23,9 milhões de toneladas. No ciclo 2014/2015, encerrado em 30 de setembro, a produção e o consumo no país haviam sido de 28,4 milhões e 23,8 milhões de toneladas, respectivamente.
Em relação à Tailândia, a expectativa da consultoria é de safra de cana de 11,3 milhões de toneladas, com consumo de 2,73 milhões de toneladas. Na China, por sua vez, a produção doméstica deve ser de 9,8 milhões de toneladas, com consumo de 16,4 milhões de toneladas.
Potencial produtivo
A Datagro projetou que o potencial produtivo da safra 2016/2017 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, que se inicia em abril, é de 610 milhões a 630 milhões de toneladas. A moagem prevista para a atual temporada, que se encerra em março, é de 605 milhões de toneladas.
Conforme o executivo, o canavial deve estar mais envelhecido neste ano, mas a quantidade de cana bisada, as chuvas previstas para o verão e a perspectiva de melhor aproveitamento dos dias de moagem devem garantir uma produção maior neste ano. A cana bisada é aquela que fica em pé no campo para ser processada no ciclo seguinte. De 2015/2016 para 2016/17 devem “sobrar” nos canaviais de 35 milhões a 37 milhões de toneladas, estimou Nastari.
A Datagro informou ainda que o potencial produtivo de açúcar no Centro-Sul na próxima safra é de 33,5 milhões a 34,5 milhões de toneladas, superando o total de 30,7 milhões de toneladas projetado para a temporada vigente. Quanto ao etanol, a consultoria espera um potencial produtivo entre 28 bilhões e 28,6 bilhões de litros, em linha com os 28 bilhões de litros previstos para a atual safra.
Para Nastari, a taxa de renovação de canaviais em 2015/2016 foi de 14,5% a 15%, porcentual menor que os 18% recomendados para que as plantações não fiquem muito velhas e percam produtividade.
Etanol
O presidente da consultoria afirmou que a volumosa exportação de álcool pelo Brasil em dezembro foi resultado da “elevação do prêmio do etanol de cana (no mercado externo), principalmente no mercado norte-americano”.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que o país embarcou no mês passado 286,7 milhões de litros de etanol, o melhor resultado mensal desde outubro de 2013, quando foram embarcados para o exterior 336 milhões de litros. Essa quantidade empurrou o acumulado de 2015 para 1,86 bilhão de litros (+33,5%).
Para a safra 2015/2016, iniciada em abril, a Datagro estima importação de 770 milhões de litros de etanol, em especial pela região Norte/Nordeste.
“As importações devem se intensificar a partir de janeiro, quando a disponibilidade no Centro-Sul para envio ao Nordeste diminui”, destacou o executivo, citando o período de entressafra na principal região produtora do país.
Consumo
O etanol utilizado no Brasil desde o Proálcool, lançado em 1975, até 2015, substituiu o consumo de 407,04 bilhões de litros de gasolina, de acordo com cálculos da Datagro. A economia acumulada nesses 40 anos com importação de gasolina foi de US$ 412,56 bilhões, afirmou Nastari.
Considerando-se apenas o ano de 2015, o consumo de etanol substituiu 23,35 bilhões de litros de gasolina, com economia de US$ 10,27 bilhões. O presidente da Datagro destacou ainda que as exportações brasileiras de açúcar e etanol em 2015 somaram US$ 8,52 bilhões, menos que os US$ 10,35 bilhões de 2014.