Considerando-se que a comercialização interna do produto tem girado em torno de 10 bilhões de litros, de acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), pode-se dizer que esses 1,36 bilhão de litros representam expansão de aproximadamente 13% no consumo doméstico. E segundo o próprio setor sucroenergético, há produto suficiente para garantir o abastecimento, com 1 bilhão de litros em estoque no início de março. A partir de abril, com o início da safra de cana no Centro-Sul do país, a produção tende a aumentar, suprindo a demanda da nova mistura.
Desde a segunda, dia 16, a gasolina C vendida internamente contém 27% de etanol anidro e não mais 25%. A decisão foi tomada pelo Conselho Interministerial de Açúcar e Álcool (Cima) no começo de março, com base em uma série de estudos feitos pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nos últimos meses.
Agora, a expectativa do setor sucroenergético é de que o porcentual seja elevado novamente e atinja o teto da banda aprovada pelo governo em setembro passado, de 27,5%. Para tanto, já está agendada uma nova reunião da cadeia produtiva de açúcar e álcool e da indústria automobilística com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para oito de abril, na qual serão apresentados os últimos testes de durabilidade realizados pela Anfavea.
Pelos cálculos da Datagro, esse 0,5 ponto porcentual representaria incremento de 231 milhões de litros na demanda por anidro nos próximos 12 meses, aumentando a demanda total pelo biocombustível em quase 1,60 bilhão de litros no período.
Etanol
Segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em fevereiro, os preços médios tanto do etanol hidratado como do anidro subiram pelo quarto mês consecutivo, impulsionados principalmente pelo período de entressafra e pela maior demanda no início do mês em razão do aumento no preço do combustível concorrente.
O Indicador mensal CEPEA/ESALQ do hidratado (estado de São Paulo) teve média de R$ 1,3847/l (sem impostos), acréscimo de 4,5% em relação à de janeiro/2015. Para o anidro, o Indicador mensal CEPEA/ESALQ foi de R$ 1,5525/litro (PIS/Cofins zerados), alta de 6,5% em igual comparativo.
As alterações tributárias em vigor desde o início de fevereiro levaram ao aumento do preço da gasolina C e também do etanol hidratado, mas a relação entre esses valores se manteve praticamente estável no comparativo com janeiro. No estado de São Paulo, o hidratado continuou sendo vendido, em média, a 66% do preço da gasolina, segundo dados da ANP.
O ritmo de negócios no spot esteve lento no balanço de fevereiro. Grande parte das distribuidoras se mostrou suficientemente abastecida no correr do mês para atender, inclusive, ao maior consumo esperado durante o recesso prolongado de Carnaval. Além disso, a proximidade da nova safra, que se inicia oficialmente em abril, reforçou a retração da demanda, à medida que são esperados preços menores.
Embora ainda sejam casos isolados os de usinas que começaram a moagem da cana-de-açúcar 2015/2016 na região Centro-Sul, muitas unidades elevaram a oferta nas últimas semanas de fevereiro a fim de liberar espaço nos tanques. No geral, no entanto, a oferta não foi considerada elevada.
No fim de fevereiro, a paralisação dos caminhoneiros em alguns estados do país dificultou o transporte de etanol até os centros consumidores. Em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás, chegou a faltar combustível em decorrência do bloqueio nas estradas. No entanto, em São Paulo, base de preços para os indicadores de preços diários e semanais, as vendas não chegaram a ser prejudicadas.
As cotações do etanol também subiram no último mês nos estados nordestinos, por conta principalmente da demanda aquecida com a maior tributação sobre a gasolina C. O Indicador CEPEA/ESALQ mensal do hidratado em Alagoas foi de R$ 1,3887/l (sem frete, sem ICMS), alta de 6,6% sobre a média de jan/2015. No caso do anidro, o Indicador foi de R$ 1,6334/l (sem frete), elevação de 4,4% no mesmo comparativo. Em Pernambuco, o Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado subiu 3%, indo para R$ 1,3445/l (sem frete, sem ICMS) em fev/2015. Quanto ao anidro, o Indicador fechou a R$ 1,6423/l (sem frete), aumento de 4,3% em relação ao mês anterior. Na Paraíba, o Indicador mensal CEPEA/ESALQ do hidratado registrou elevação de 4%, indo para R$ 1,3431/l (sem frete, sem ICMS). Sobre o Indicador mensal CEPEA/ESALQ do anidro, a média de janeiro/2015 foi de R$ 1,6572/l (sem frete), também 4% superior à de jan/2015.
Açúcar
Para o açúcar, o Indicador CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) para o do Açúcar Cristal caiu 2,12% em fevereiro, fechando a R$ 49,92/saca de 50 kg no dia 27. A média mensal foi de R$ 50,11/saca de 50 kg, 1,84% inferior à de janeiro (R$ 51,05/saca de 50kg) e 0,53% abaixo da média de fevereiro/14 (R$50,38/saca de 50 kg), em termos nominais. O Indicador de Açúcar Cristal ESALQ/BVMF – Santos acumulou recuou 2,30% em fevereiro, fechando a R$ 50,44/saca de 50 kg no dia 27. A média mensal foi de R$ 50,96/saca de 50 kg, 1,13% inferior à de janeiro (R$ 51,54/sc) e 0,14% acima da média de fevereiro/2014 (R$ 50,89/sc), em termos nominais.
Em fevereiro, a oferta doméstica de açúcar foi suficiente para atender à demanda e de acordo com os volumes captados pela equipe do Cepea, a participação das vendas no mercado spot foi maior que a do mês anterior.
Na região Nordeste, o ritmo das negociações continuou lento e os preços se mantiveram, de maneira geral, estáveis e em patamares baixos. Já na última semana de fevereiro, os valores negociados estiveram mais firmes, especialmente em Pernambuco. Algumas usinas ficaram fora do mercado spot doméstico por priorizarem as exportações.
Em Alagoas, o Indicador Mensal do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 49,73/sc de 50 kg em fevereiro, baixa de 0,98% em relação a janeiro/2015 e de 6,94% frente a fevereiro/2014. Em Pernambuco, o Indicador Mensal foi de R$ 48,92/sc, baixa de 0,33% e de 5,81% nas mesmas comparações. Na Paraíba, o Indicador Mensal de Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 50,17/sc, 0,30% superior a janeiro e 6,22% menor que em fevereiro/2014.
No cenário externo, as cotações estiveram em queda, pressionadas pelas chuvas nas regiões canavieiras do estado de São Paulo e à notícia de que a Índia – principal país consumidor e segundo maior produtor de açúcar – aprovou subsídio de US$ 64,20/tonelada de açúcar bruto para a exportação de 1,4 milhão de toneladas até setembro, quando acaba o ciclo 2014/2015. O fortalecimento do dólar frente ao real no mês e a elevação da estimativa pela OIA (Organização Internacional do Açúcar) do excedente global de açúcar, para 620 mil toneladas, também reforçaram a queda dos futuros.
Cálculos do Cepea indicaram que em média, as vendas internas do açúcar remuneraram 1,62% mais que as externas em fevereiro. Esse cálculo considerou o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Março/2015 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 66,03/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 60,56/tonelada.
Quanto às exportações de açúcar bruto (VHP), segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), totalizaram 811 mil de toneladas em fevereiro/2015, volume 53,6% menor que o de janeiro/2015 (1,747 milhão de toneladas) e 44,8% inferior ao de fevereiro/14 (1,470 milhão de toneladas). Em relação ao açúcar branco, foram exportadas 233,5 mil toneladas, volume 62% inferior ao de janeiro/2015 (614,2 mil toneladas) e 29,3% menor que o de fevereiro/2014 (330,5 mil toneladas). A receita com a exportação de açúcar foi de US$ 380,5 milhões em fevereiro/2015, baixa de 54,5% em relação a janeiro/2015 (US$ 836,6 milhões) e de 45,8 %, relativamente a fevereiro/2014 (US$ 702,2 milhões), em termos nominais.