O aumento do consumo mundial de açúcar e os impactos negativos das condições climáticas na produção agrícola devem causar um déficit de 3,3 milhões de toneladas na safra 2015/2016. Esses fatores estão influenciando os preços da commoditie, que já aumentaram no mercado interno e externo. As estimativas foram apresentadas na reunião da Câmara Setorial de Açúcar e Álcool na quinta, dia 26, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Um dos representantes da Câmara, Tarcilo Rodrigues, Diretor-Executivo da Bioagência, revelou que o consumo mundial do produto vem crescendo e a queda na produção dos principais países produtores reverte a sequência de superávits das últimas safras. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, da sigla em inglês), a produção 2015/2016 deve atingir 170 milhões de toneladas e o consumo 175 milhões. “Esse déficit vai aumentar ainda mais, podendo passar de 5 milhões em 2016/2017 e 7,5 milhões de toneladas na safra 2017/2018”, afirmou Rodrigues.
A China consumiu, na safra 2014/2015, 17,5 milhões de toneladas de açúcar e o Brasil em torno de 12 milhões. Já com relação ao consumo kg/habitante/ano, a China soma 9kg, o Brasil 45kg e a Europa 40kg. “A China cada vez mais se torna um grande importador de açúcar, devido à mudança de hábitos alimentares da população que promovem o aumento da ingestão de produtos industrializados”, disse o assessor técnico da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da CNA, Rogério Avellar.
As condições favoráveis de solo e clima permitem ao Brasil apresentar alta produtividade nas lavouras de cana-de-açúcar e ser o maior player do mercado mundial de açúcar. Rodrigues mostrou, com base nos dados do USDA, que o Brasil produziu na safra 2014/2015 aproximadamente 36 milhões de toneladas e na 2015/2016 deve atingir 35 milhões. “O El Niño provoca grande volume de chuvas nos principais estados brasileiros produtores de cana-de-açúcar, no período de colheita, impedindo a moagem e causando secas nos países produtores da Ásia”, explicou Tarcilo.
Etanol
As expectativas de mercado e crescimento do consumo do etanol também foram apresentadas durante a reunião da Câmara Setorial. Números da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostraram que o consumo de gasolina comum, no acumulado de janeiro a outubro de 2015, teve uma queda de 9,4% se comparado ao mesmo período de 2014. Já o etanol hidratado registrou um crescimento de 42,5%, no mesmo período.