O desemprego no setor sucroenergético brasileiro cresceu em dezembro de 2015 em relação a dezembro do ano passado, e impediu que a cadeia produtiva de açúcar e etanol encerrasse 2014 com saldo positivo no segmento, algo que não ocorre desde 2011. No ano passado, as demissões superaram as admissões em 29.443 postos de trabalho, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Só em dezembro, o saldo ficou no vermelho em 35.028 postos, o maior desde 2013.
Os números foram organizados e apresentados pela subseção da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar), do Dieese. A entidade representa cerca de 100 usinas no estado.
Segundo o economista Daniel Ferrer, do Dieese, o segmento sucroenergético passou por um ajuste no fim do ano passado. “Todos os setores da economia estão se ajustando à mão de obra. Se havia algum excesso, foi cortado.” Para ele, caso a cadeia produtiva não estivesse em recuperação, com o aumento nos preços do etanol e do açúcar, nem tivesse estendido a safra, em razão das chuvas, o saldo de empregos poderia ter sido ainda pior.
Em 2011, o setor fechou com movimentação positiva de 10.184 postos. De lá pra cá, as dificuldades financeiras enfrentadas pelas usinas provocaram saldos negativos de 18.214 postos em 2012; de 10.308 em 2013; e de 36.985 em 2014. Em 2015, a dívida do segmento cresceu para quase R$ 100 bilhões, de acordo com cálculos da consultoria Datagro.
Com relação a São Paulo, principal estado produtor de cana-de-açúcar, foram encerrados 5.177 postos de trabalhos formais em 2015. O resultado foi, ao menos, melhor que o de 2014 (negativo em 14.599 postos), mas ainda está longe do de 2012, quando ficou positivo em 1.599 postos.