A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta, dia 22, durante a cerimônia de inauguração de uma usina de álcool em Piracicaba, interior de São Paulo, que o etanol de segunda geração que será produzido na unidade é um importante avanço para o Brasil.
– Aqui se encontram tradição e inovação – disse a presidente ao citar que a unidade é uma grande conquista para que o Brasil lidere um paradigma tecnológico de produtividade.
A proposta do etanol de segunda geração será levada por Dilma à 21ª Conferência do Clima (COP 21) das Nações Unidas, que acontece em dezembro, em Paris. Segundo a presidente, todos os países se preparam para demonstrar realizações nessa área.
A presidente negou ainda que o etanol seja uma atividade conflitante com o Pré-sal e disse que considera fundamental a construção do etanoduto, da Raízen com a Petrobras. Dilma diz que a parceria do governo com a Raízen mantém o país na vanguarda da produção de etanol.
Apoio ao setor
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, também participou da inauguração e disse que o governo agiu e continuará agindo para apoiar o setor sucroenergético. O setor é um dos mais críticos à política do governo federal para o etanol, principalmente pelo controle do preço da gasolina.
Segundo Braga, o “governo tem o firme propósito em manter o Brasil com a matriz energética mais renovável entre economias emergentes e desenvolvidas”, com a participação do setor sucroenergético e ainda em um cenário de consumo crescente de combustíveis.
– Não há tempo para acomodação. A demanda por combustíveis cresce – afirmou.
Braga admitiu que o setor sucroenergético enfrentou desafios nos últimos anos, mas que sempre houve a consciência de que era necessário o aumento da produtividade por meio de pesquisas e inovação tecnológica.
– Hoje estamos vendo respostas firmes a esses desafios – afirmou o ministro, citando a unidade produtora de etanol por meio do processamento do bagaço e da palha após o uso da cana-de-açúcar, para a produção de etanol de primeira geração e açúcar.
Política
O presidente do Conselho de Administração do Grupo Cosan, acionista da Raízen, Rubens Ometto, fez vários afagos à presidente Dilma Rousseff, a qual chamou de “mulher brasileira, patriota, correta, lutadora e de fibra”, durante a inauguração, em Piracicaba.
– Hoje é fácil criticar, mas temos de reconhecer os méritos onde estão – disse ele à presidente Dilma.
O empresário salientou o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiou 90% dos R$ 231 milhões aportados na unidade.
– Sem o apoio do BNDES este investimento não seria viável.
Segundo ele, a Raízen enxerga um “potencial enorme em aumentar a produção de etanol de segunda geração (2G) sem perder de vista o investimento”.
Na conclusão, Ometto citou a crise econômica e disse que “neste momento, em que se fala de problemas de curto prazo, Raízen e Cosan olham quilômetros à frente”, com os investimentos na unidade.
– Se precisarmos de prova que o Brasil é maior do que qualquer crise, a prova está aqui – concluiu o presidente do Conselho de Administração do Grupo Cosan.
Para a presidente da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, uma vez retomada a rentabilidade do setor, é com tecnologia que será possível virar o jogo. Para ela, as políticas públicas são extremamente necessárias, incentivando ou bloqueando o desenvolvimento produtivo e inovador.
– É um momento bastante importante, que tem que ser muito comemorado. Etanol 2G é um desafio tecnológico, o Brasil vem a se juntar a outros países nesse esforço, aos Estados Unidos e à Europa. No mundo, nós só temos sete usinas de etanol de segunda geração – comemorou Elizabeth.